Meu nome é Débora, tenho 28 anos, e há dois anos estava desempregada e desesperada procurando qualquer trampo para pagar as contas do meu apê aqui no Rio de Janeiro. Foi quando resolvi postar no Instagram umas bolsas de crochê que eu fazia por hobby, sem expectativa nenhuma, só para mostrar para as amigas. Uma foto viralizou, recebi mais de 50 mensagens pedindo encomenda, e em seis meses eu estava faturando mais do que ganhava no meu antigo emprego de escritório. Hoje sustento minha casa inteira com crochê e não troco isso por nada.
Como tudo começou no Instagram?
Eu estava há quatro meses desempregada, mandando currículo para todo lado e nada de resposta. Para não ficar pirada dentro de casa, voltei a fazer crochê que tinha aprendido com minha avó na adolescência. Fiz uma bolsa bucket estilo anos 90 bem colorida e postei na minha conta pessoal do Instagram só para mostrar. Uma amiga compartilhou no story dela, outra repostou, e quando vi tinha mais de mil curtidas e um monte de gente perguntando se eu vendia.
Foi ali que a ficha caiu: eu podia transformar aquilo em dinheiro. Criei uma conta comercial no Instagram, tirei fotos melhores das peças que eu tinha em casa, coloquei preço e comecei a divulgar. Vendi as primeiras cinco bolsas em uma semana e usei esse dinheiro para comprar mais linha e fazer mais peças. Não tinha noção nenhuma de como vender online, mas fui aprendendo na tentativa e erro, vendo o que funcionava e o que não dava certo.
Quanto faturei e como organizei o negócio?
No primeiro mês vendi 1.200 reais em bolsas e acessórios, parecia pouco mas era mais do que eu tinha no banco naquela época. Conforme fui entendendo o Instagram e postando com frequência, as vendas foram crescendo. No terceiro mês já tinha faturado 3.500 reais, no sexto mês bateu 6.800 reais. Hoje, dois anos depois, meu faturamento mensal fica entre 8 mil e 12 mil reais dependendo da época do ano, com picos no fim de ano e no verão.
Tive que me organizar porque não dava mais para fazer tudo sozinha. Contratei minha irmã para me ajudar na produção, terceirizo algumas peças com outras artesãs quando a demanda aperta, e tenho uma rotina bem estruturada. Acordo cedo e produzo das 8h às 12h, à tarde cuido das redes sociais, respondo clientes e faço envios. Abri MEI, tenho CNPJ, emito nota fiscal, faço tudo certinho. O que era um hobby virou empresa de verdade.
Como fazer uma ecobag de crochê para vender no Instagram?
A ecobag de crochê é um dos produtos que mais vendo, porque é prática, está super na moda e dá para fazer em várias cores e tamanhos. Vendo cada uma por 85 reais e consigo fazer duas por dia quando não tenho outras encomendas. É uma peça coringa que atrai muito cliente novo, porque muita gente compra a primeira ecobag e depois volta para encomendar bolsas maiores e mais caras.
Vou ensinar o passo a passo que uso para fazer minhas ecobags:
- Materiais que você vai precisar: 400g de fio de malha ou EuroRoma número 6, agulha de crochê número 6.0mm ou 7.0mm, tesoura, fita métrica e marcador de carreira
- Base da bolsa: faça 40 correntinhas, vire e faça pontos baixos em todas as correntes voltando, continue fazendo carreiras de ponto baixo até formar um retângulo de aproximadamente 30cm de largura por 35cm de altura
- Laterais e fundo: dobre o retângulo ao meio com o avesso para fora e costure as laterais com ponto baixo, deixando a parte de cima aberta, vire a bolsa para o lado direito
- Alças resistentes: faça duas correntes de 80 pontos cada uma, depois volte fazendo ponto baixo em toda a extensão da corrente para criar alças firmes e reforçadas
- Fixação das alças: costure cada alça nas laterais da bolsa com pelo menos 8cm de margem para dentro, costure bem firme passando a agulha várias vezes para garantir que aguente peso
- Acabamento profissional: faça uma carreira de ponto baixo em volta de toda a abertura da bolsa para dar acabamento, arremate todas as pontas por dentro e sua ecobag está pronta para vender
O que aprendi vendendo crochê pela internet?
A primeira lição foi entender que rede social exige presença constante. No começo eu postava quando lembrava, sem regularidade, e as vendas eram muito instáveis. Quando comecei a postar todo dia nos stories mostrando o processo, os bastidores, respondendo dúvidas, as vendas triplicaram. As pessoas compram de quem elas conhecem e confiam, então mostrar meu rosto, minha rotina, como faço as peças, isso criou conexão com os clientes.
Outro aprendimento importante foi precificar corretamente desde o início. Eu cobrava muito barato porque tinha medo de ninguém comprar, mas isso só me deixava exausta e sem lucro. Hoje calculo o valor da linha, o tempo que levo para fazer, os custos fixos como luz e internet, e ainda coloco uma margem de lucro justa. Perdi alguns clientes quando aumentei os preços, mas ganhei clientes que valorizam trabalho artesanal de qualidade. O maior erro é se comparar com crochê industrial barato, porque o que vendemos é exclusividade, qualidade e trabalho manual, e isso tem valor.
