Entender as informações presentes nas etiquetas dos alimentos é um passo fundamental para promover uma nutrição responsável e evitar desperdícios na rotina doméstica. Termos como “consumir até” e “consumir de preferência antes de” aparecem em quase todas as embalagens e indicam diferenças importantes quanto à segurança e à qualidade dos produtos, temas que geram dúvidas frequentes entre consumidores de diversos países, como o Brasil. Além disso, organismos reguladores como a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabelecem critérios para a rotulagem, reforçando a importância dessas informações.
Além do equilíbrio nutricional, a forma como os alimentos são produzidos, armazenados e preparados pode interferir diretamente na saúde das pessoas e na preservação dos produtos. A leitura correta das etiquetas não apenas facilita a seleção de alimentos mais adequados, mas também contribui para o melhor aproveitamento dos itens já adquiridos, melhorando a gestão e reduzindo o descarte desnecessário.
O que significa a data de validade dos alimentos?
Dois termos são recorrentes nas etiquetas: “consumir até” e “consumir de preferência antes de”. A primeira expressão refere-se à data-limite para que o alimento seja ingerido sem riscos à saúde. Após esse prazo, especialmente para produtos frescos, como carnes, peixes, laticínios e alimentos com alto teor de umidade, o potencial de desenvolvimento de bactérias nocivas aumenta consideravelmente. Já a segunda indicação, “consumir de preferência antes de”, diz respeito à durabilidade das características sensoriais (sabor, cor, aroma e textura) do alimento. Após a data indicada, esses itens podem perder parte das propriedades originais, embora, de modo geral, se mantenham próprios para o consumo por um período, desde que estejam bem conservados. Recomenda-se em alguns países europeus, como a França, utilizar aplicativos de celular para monitorar as datas de validade e ajudar na gestão dos alimentos em casa.

É seguro consumir alimentos após a validade?
A resposta depende da natureza do produto alimentar e das condições de armazenamento. Alimentos secos ou industrializados, como macarrão, arroz, leguminosas secas e conservas, geralmente mantêm suas propriedades nutricionais e segurança por mais tempo. Por outro lado, produtos altamente perecíveis, como leite, ovos, frios e pratos prontos, apresentam maior risco de contaminação microbiológica após o vencimento, podendo colocar a saúde em perigo.
- Macarrão seco e arroz: conservados em local seco e arejado, podem ser consumidos até dois anos após a data de validade indicada, sem prejuízos à segurança.
- Biscoitos e chocolates: após o vencimento, podem perder crocância, mas mantêm-se seguros por vários meses, se armazenados corretamente.
- Ovos e laticínios: indicam alto risco após a validade; devem ser descartados mesmo sem sinais evidentes de deterioração.
- Produtos enlatados: toleram margem breve após o prazo, mas devem estar com as latas íntegras e sem sinais de ferrugem ou estufamento.
Como identificar se um alimento está próprio para o consumo?
Para avaliar a integridade dos alimentos, os sentidos desempenham papel fundamental. Mudanças na aparência, odor, sabor ou textura servem como alerta para a possibilidade de deterioração. O surgimento de sabores ou cheiros estranhos, presença de bolor, embalagem comprometida ou cor fora do comum indicam que o alimento deve ser descartado.
É importante ressaltar que, embora adultos consigam perceber alterações organolépticas, algumas populações, como idosos e crianças pequenas, podem ter dificuldades nesse reconhecimento. Por isso, a atenção às datas de validade e às condições de armazenamento segue sendo a forma mais segura de evitar intoxicação alimentar. Organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde, também orientam a respeito desses cuidados para evitar doenças alimentares ao redor do mundo.

Como prevenir o desperdício de alimentos em casa?
A organização doméstica começa pela lista de compras, feita preferencialmente após checar o que já há na despensa e geladeira. No supermercado, vale conferir atentamente as datas de validade e priorizar o consumo daqueles produtos cujo vencimento está mais próximo.
- Leia sempre as embalagens antes de adquirir ou abrir alimentos.
- Armazene corretamente cada item: use potes herméticos, mantenha refrigerados os produtos perecíveis e congele itens que não serão consumidos tão cedo.
- Evite deixar alimentos frescos em temperatura ambiente por longos períodos, especialmente em épocas de calor.
- Dê preferência para utilizar primeiro os produtos mais próximos do vencimento, aplicando o método “primeiro que entra, primeiro que sai”.
Além dessas dicas, há várias plataformas digitais, como o Too Good To Go, que ajudam consumidores a identificar oportunidades para evitar o desperdício de alimentos em cidades grandes como São Paulo e Nova York por meio de parcerias com estabelecimentos comerciais.
Quais são os principais riscos de consumir alimentos vencidos?
A ingestão de alimentos após o prazo indicado pode levar a intoxicações alimentares provocadas por bactérias como Salmonella, Listeria e Escherichia coli. O risco é ainda maior em carnes, ovos e laticínios, que favorecem a multiplicação desses microrganismos devido ao seu teor de água. Mesmo sem sinais evidentes de alteração, consumir esses produtos após o vencimento pode resultar em sintomas como náuseas, vômitos, diarreia e, em casos graves, levar à hospitalização.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Brasil, as intoxicações alimentares aumentam durante os meses mais quentes, o que reforça a necessidade de atenção às condições de armazenamento, especialmente em regiões tropicais.

