Entre as diversas formas de comunicação dos cães com seus tutores, um comportamento que costuma chamar a atenção é quando o animal se aproxima e começa a lamber o rosto de alguém da casa. Embora esse gesto possa parecer estranho ou até cômico, ele possui explicações ligadas ao instinto, às emoções e até à saúde do animal. Entender o significado desse hábito permite que o convívio com o cão seja mais harmonioso e atento às necessidades do pet, principalmente no contexto cultural e ambiental brasileiro, em que a convivência intensa com os animais de estimação faz parte do dia a dia em casas e apartamentos, do litoral ao sertão.
Especialistas em comportamento animal apontam que, ao lamber o rosto, o cão pode estar expressando afeto, demonstrando submissão ou buscando cheiros que fazem parte da rotina de quem vive a seu redor. No Brasil, onde frequentemente convivemos próximos aos cães, seja em momentos de descanso no sofá, deitados em redes ou até mesmo durante brincadeiras no jardim, os animais se deparam com uma diversidade de cheiros e sinais oriundos do clima quente e úmido, da vegetação local e dos tantos elementos naturais que compõem o ambiente brasileiro, que ficam presentes também no rosto após caminhadas ao ar livre ou momentos de contato com a natureza. Cada situação deve ser analisada levando em conta o momento, a frequência e a disposição do cachorro. Prestar atenção nesses detalhes pode ajudar a identificar se o gesto é parte de um comportamento normal ou se merece maior observação.
Por que os cães lambem o rosto das pessoas?
A ação de lamber o rosto não é aleatória. Muitas vezes, esse ato é uma resposta instintiva herdada dos ancestrais selvagens dos cães, que costumavam usar a lambida como forma de comunicação entre membros do grupo. Além disso, o olfato extremamente apurado do cachorro faz com que ele reconheça pessoas, emoções e experiências apenas pelo cheiro, o que torna o rosto uma verdadeira “fonte de informações” para o animal, já que ele reflete as emoções humanas através de expressões faciais, suor, lágrimas e até vestígios de alimentos após refeições. Os cães também podem lamber o rosto como uma forma de explorar o ambiente e fortalecer laços sociais com os humanos, já que o ato de cheirar e lamber faz parte do comportamento natural desses animais. Em regiões de clima tropical, com muita umidade e presença constante de plantas típicas como samambaias, ipês e até helicônias nos jardins, os odores que ficam no rosto após caminhadas ou até após utilizar cremes ou protetores solares estimulam ainda mais esse comportamento curioso e investigativo dos cachorros brasileiros.
O que o comportamento de lamber pode indicar sobre o cachorro?
Do ponto de vista emocional, lamber o rosto pode ser entendido como uma demonstração de carinho ou busca de atenção. Em muitos casos, o cachorro repete a ação porque percebe que recebe uma reação imediata do tutor, seja um afago, uma palavra ou até mesmo uma repreensão. Para alguns cães, esse hábito é também uma forma de demonstrar respeito e reconhecimento de hierarquia, já que, no contexto canino, a lambida é frequentemente associada a comportamentos de submissão, especialmente quando acontece no rosto, uma das regiões mais sensíveis do corpo humano e que proporciona proximidade ao tutor. Vale observar que, dependendo da personalidade do cão, o hábito de lamber pode ser mais intenso e constante, especialmente em raças naturalmente mais afetuosas ou sensíveis. Inclusive, cães de raças típicas vistas no Brasil, como o vira-lata caramelo, costumam ter comportamentos bastante comunicativos e apegados aos membros da casa.
- Proximidade emocional: Cães que lambem frequentemente o rosto de seus tutores tendem a ser mais apegados e demonstram necessidade de contato físico. Em muitas casas brasileiras, onde a convivência é próxima e o cachorro é considerado um membro da família, esse tipo de contato é ainda mais valorizado.
- Busca de estímulos: Sabores, cheiros e até pequenas gotas de suor presentes no rosto, principalmente após atividades físicas ou exposições ao sol durante passeios, aguçam a curiosidade dos cães.
- Ansiedade ou tédio: Se o comportamento se torna repetitivo ou compulsivo, pode indicar que o animal está ansioso ou necessita de mais estímulos e atividades no dia a dia, especialmente nos dias chuvosos ou muito quentes, comuns em grande parte do Brasil, quando as saídas ao ar livre podem ser limitadas.
Lamber o rosto pode ser sinal de algum problema?
Nem sempre o gesto está associado apenas ao afeto ou ao instinto. Em determinados casos, o comportamento pode sinalizar algum desconforto, seja no próprio animal ou na pessoa. Quando o cão insiste nessa conduta por longos períodos, é importante observar outros sinais, como inquietação, irritação na pele devido ao calor e à umidade típicos de muitas regiões brasileiras, ou mudança de hábitos alimentares. Profissionais alertam que excesso de lambidas, seja no rosto ou em outras partes do corpo, pode ser um sintoma de estresse, alergias, que podem piorar, por exemplo, em tempo seco e com a presença de gramíneas ou pólen, ou até patologias neurológicas. Observar o contexto, a intensidade e possíveis sinais de desconforto é fundamental para determinar se há necessidade de intervenção profissional.
- Observe se o hábito traz incômodo para alguém da casa ou para o próprio cão, lamber o rosto, especialmente, pode gerar desconforto em algumas pessoas devido ao contato direto com a saliva do animal.
- Mantenha o ambiente limpo e cheque possíveis irritações na pele do rosto ou focinho do animal, especialmente porque em regiões de clima quente feridas podem infeccionar facilmente devido à proliferação de bactérias típicas do ambiente tropical.
- Se perceber mudanças inesperadas no comportamento do cachorro, busque orientação de um veterinário ou adestrador, profissionais cada vez mais acessíveis nas cidades brasileiras.
É preciso evitar que o cão lamba o rosto?
Nessa situação, a decisão de permitir ou não depende do contexto e da frequência do comportamento. Muitos tutores veem o gesto como uma demonstração inofensiva de afeto, enquanto outros preferem desestimular para evitar desconfortos ou riscos à saúde, principalmente se há contato com produtos químicos utilizados na limpeza, maquiagem, cremes ou filtros solares presentes no rosto após a exposição ao sol, todos muito comuns nos lares brasileiros e durante passeios ao ar livre. O ideal é estabelecer limites claros, instruindo o animal de maneira gentil caso necessário. Se houver sinais de obsessão ou desconforto, o redirecionamento do comportamento através de brinquedos, passeios e treinamentos ao ar livre, aproveitando a natureza exuberante dos parques e praças que fazem parte da vida nas cidades e bairros brasileiros, pode ser útil para ajudar o cão a se expressar de maneira saudável.
Cães são animais sensíveis à rotina do lar e, por instinto e emoção, encontram formas particulares de demonstrar sentimentos. Quando surgem comportamentos curiosos como lamber o rosto, vale a pena observar contexto, frequência e possíveis mudanças para garantir sempre o bem-estar do pet. Atentar-se aos detalhes no cotidiano fortalece o vínculo entre tutor e animal e contribui para uma convivência ainda mais saudável e harmoniosa, valorizando a riqueza do convívio entre pessoas, cães e natureza presente nas diferentes regiões do Brasil.
