Durante a primavera, uma das estações mais associadas a presentes florais, as hortênsias sempre ocuparam um papel central graças à sua beleza exótica e às tonalidades vibrantes que oferecem ao ambiente. Entretanto, o cenário atual revela mudanças importantes no comportamento de quem cuida de jardins e nas preferências dos paisagistas no Brasil. As altas temperaturas e as alterações no clima impactaram diretamente o cultivo e a manutenção dessas plantas, tornando-as menos indicadas para muitos espaços externos em nosso país, que enfrenta períodos frequentes de seca e calor intenso.
Especialistas em jardinagem apontam que, no passado, bastava uma rega esporádica para manter uma hortênsia em boas condições. Contudo, as condições climáticas de 2025, marcadas por ondas de calor frequentes e estiagens prolongadas em várias regiões brasileiras, dificultam a sobrevivência dessas flores delicadas. O aumento de pragas e doenças, incluindo o ataque de ácaros e fungos comuns em ambientes quentes e úmidos, também prejudica o desenvolvimento das hortênsias, transformando o manejo em um verdadeiro desafio mesmo para jardineiros experientes.

Por que as hortênsias perderam espaço nos jardins durante a primavera?
As hortênsias perderam espaço nos jardins durante a primavera principalmente porque o seu cultivo atualmente demanda atenção redobrada, devido às mudanças bruscas de temperatura, que contribuem para que as folhas percam o viço rapidamente, e aos episódios de calor intenso, especialmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, onde podem secar a planta em poucos dias. Além disso, esses fatores elevam a incidência de pragas e fungos, pois o ambiente quente e úmido é ideal para a proliferação de agentes nocivos à saúde das hortênsias.
Outra dificuldade apontada pelos profissionais do paisagismo é a necessidade frequente de irrigação. Em tempos onde a busca por espécies de baixa manutenção cresce, especialmente em áreas onde o racionamento de água é comum, como acontece em várias cidades brasileiras, as hortênsias se mostram menos competitivas. Isso levou muitos apreciadores a optarem por alternativas robustas, que resistem melhor ao sol forte e exigem menos cuidados diários.

Quais plantas substituíram as hortênsias nos projetos paisagísticos?
Diante desses desafios, algumas espécies ganharam popularidade por sua resistência e praticidade. Entre elas, destaca-se o laurel rosa (Nerium oleander), planta bastante cultivada em diferentes regiões do Brasil pelas grandes flores e pela capacidade de prosperar sob sol intenso e períodos de seca, típicos de nosso clima. Essa planta floresce predominantemente entre a primavera e o verão e chama a atenção por sua robustez.
Outra opção bastante adotada em jardins brasileiros é o durillo (Viburnum tinus), que apresenta folhas perenes e floresce durante o inverno e a primavera. Com necessidade média de água, o durillo equilibra estética e facilidade de manutenção, tornando-se ideal para projetos que buscam minimizar o cuidado diário sem abrir mão do apelo visual. Além disso, muitas vezes é substituído por espécies nativas, como o manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis), popular no paisagismo e adaptado ao clima local.
Para quem procura por plantas de pequeno porte, a santolina representa uma escolha certeira. Essa espécie se destaca por resistir bem a solos mais secos e requer pouca irrigação. Por esse motivo, a santolina conquistou espaço justamente em áreas expostas ao sol e sujeitas à escassez hídrica. Nos projetos brasileiros, plantas nativas como a lavanda (Lavandula dentata), o agapanto (Agapanthus africanus) e a vinca (Catharanthus roseus) também têm sido valorizadas por sua rusticidade e beleza.

Como escolher a melhor planta para um jardim na primavera?
A decisão envolve avaliar características como clima da região, intensidade de luz solar e disponibilidade para manutenção. Veja abaixo algumas dicas para facilitar a escolha:
- Identifique o clima predominante: Prefira espécies adaptadas à temperatura média local e aos períodos de estiagem que ocorrem no Brasil, especialmente no Cerrado e Caatinga.
- Observe a exposição ao sol: Plantas como laurel rosa, manacá-da-serra, lavanda, agapanto e santolina desenvolvem-se melhor em ambientes ensolarados típicos do Brasil.
- Considere a necessidade de irrigação: Em locais onde o racionamento de água é frequente, opte por espécies que demandam pouca água, como a vinca e outras plantas nativas resistentes.
- Verifique a resistência a pragas: Escolher plantas menos suscetíveis a doenças pode facilitar o manejo e garantir um jardim mais saudável mesmo com o clima variado do Brasil.
Ao priorizar plantas que exigem cuidados simples e oferecem resistência às adversidades climáticas, torna-se possível desfrutar de um jardim bonito por mais tempo. Embora as hortênsias ainda encontrem espaço em regiões mais amenas do Sul do Brasil, a tendência é que espécies como laurel rosa, manacá-da-serra, lavanda, durillo e santolina ocupem com mais frequência as áreas externas, especialmente durante a primavera tropical do Brasil.