Avanços recentes no campo da saúde mental apontam para uma transformação profunda na forma como ansiedade são encaradas pela sociedade brasileira. Pesquisas atuais, realizadas por instituições espanholas de referência em parceria com universidades do Brasil, destacam que simples mudanças nos hábitos diários podem provocar melhorias mensuráveis no bem-estar psicológico. Diferente das abordagens tradicionais, que frequentemente envolvem terapias complexas e medicamentos, a ênfase está agora em comportamentos acessíveis, práticos e pautados em evidências científicas, muitas delas adaptadas à realidade do nosso país.
Essas descobertas são fruto de um estudo extenso conduzido ao longo de 2024, reunindo quase mil participantes durante um ano inteiro de acompanhamento, incluindo brasileiros de diferentes regiões, como Sudeste, Nordeste, Norte, Centro-Oeste e Sul. Com o auxílio de ferramentas estatísticas modernas, os pesquisadores conseguiram medir o impacto isolado de diferentes rotinas no controle dos sintomas de ansiedade. O estudo revelou que a combinação de ações cotidianas pode representar uma mudança expressiva, especialmente diante da crescente prevalência de transtornos mentais em todo o território nacional.
Quais hábitos contribuem para melhorar a saúde mental em 2025?
Uma das principais revelações está relacionada à limitação do acesso a notícias angustiantes. Com a propagação excessiva de informações negativas, um fenômeno classificado pela Organização Mundial da Saúde como infodemia, o cérebro é exposto à sobrecarga emocional. Dados recentes mostram que reduzir o contato com esse tipo de conteúdo resulta diretamente na diminuição dos sintomas de ansiedade, proporcionando maior estabilidade emocional até mesmo em períodos de notícias relacionadas ao clima, como chuvas intensas ou estiagens severas, muito comuns no Brasil.
A alimentação equilibrada também figura entre os hábitos fundamentais. Pesquisas apontam que manter uma dieta pobre em açúcares simples e gorduras saturadas, valorizando alimentos típicos brasileiros como feijão, frutas tropicais (manga, acerola, banana, abacaxi), hortaliças e raízes como mandioca, além de favorecer o microbioma intestinal, reflete positivamente nas funções cerebrais e no humor. Isso se deve ao vínculo entre o intestino e o cérebro, reforçando o conceito de que há um “segundo cérebro” no sistema digestivo capaz de influenciar diretamente o bem-estar psíquico.

Como o contato com a natureza e outros hábitos simples afetam o bem-estar mental?
O estudo também evidenciou o impacto do contato frequente com ambientes naturais, incluindo parques, praças, rios, cachoeiras, praias e trilhas em biomas como a Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia, Caatinga e Pantanal. Essas experiências ativam mecanismos cerebrais de restauração, criando uma espécie de refúgio psicológico que diminui sensações de isolamento e desamparo. Caminhadas, mesmo que breves, pelas trilhas de matas urbanas, parques ecológicos, ou pela orla das praias brasileiras, contribuem para a sensação de relaxamento e recuperação emocional. Novas pesquisas recentes também mencionam o benefício do chamado shinrin-yoku, prática japonesa de “banho de floresta”, que no Brasil pode ser feita em reservas naturais ou jardins botânicos, ajudando a reduzir indicadores fisiológicos de estresse.
- Atividade física regular: exercícios moderados, como caminhadas, andar de bicicleta às margens de rios, praticar capoeira, jogar futebol ou dançar samba ou forró, ajudam a manter o equilíbrio hormonal e reduzem os níveis de estresse e tristeza.
- Práticas relaxantes: atividades como meditação, ioga, ouvir música popular brasileira, tocar instrumentos, fazer trabalhos manuais ou cuidar de plantas típicas (como jabuticabeiras ou bromélias) têm efeito imediato no alívio da ansiedade, sendo ainda mais eficazes quando mantidas rotineiramente.
- Aumento da hidratação: manter o consumo adequado de água, sucos naturais e água de coco diariamente resulta em benefícios cognitivos, prevenindo oscilações do humor causadas por desidratação, mesmo que leve, especialmente importante em regiões de clima quente como o Norte e o Nordeste.
- Fortalecimento dos laços sociais offline: investir em relacionamentos presenciais, como encontros familiares, rodas de conversa, reuniões de amigos e festas tradicionais (como as festas juninas ou rodas de samba), traz uma rede de apoio crucial para enfrentar momentos críticos, com resultados positivos perceptíveis no médio e longo prazo.
Quais comportamentos não mostraram efeito significativo na prevenção da ansiedade?
Outro ponto relevante do levantamento é a desmistificação de certas práticas frequentemente sugeridas, mas que não apresentaram impacto relevante na saúde mental. Segundo os dados, a imposição de rotinas rígidas, o engajamento exclusivo em hobbies ou a convivência restrita ao núcleo familiar não demonstraram reduzir sintomas de ansiedade de forma significativa. Esses resultados reforçam que o cérebro humano responde de maneira seletiva a diferentes estímulos e que somente determinados hábitos têm efeito comprovado.
- Limitar exposições a notícias negativas sempre que possível, inclusive em períodos de grandes eventos nacionais.
- Optar por uma alimentação saudável, rica em fibras e nutrientes, valorizando a diversidade da culinária regional.
- Buscar contato rotineiro com a natureza brasileira, mesmo em ambientes urbanos, como praças e parques municipais.
- Praticar exercícios regularmente, como esportes coletivos típicos ou atividades dançantes, respeitando as próprias limitações.
- Reservar tempo para técnicas de relaxamento, lazer ativo e celebrações culturais.
- Beber água em quantidade suficiente ao longo do dia, ajustando-se ao clima local.
- Desenvolver amizades e convívio presencial além do ambiente virtual, fortalecendo laços comunitários.

O protocolo universal baseado em evidências para a saúde mental é suficiente?
Nunca antes protocolos de prevenção em saúde mental haviam sido validados em escala tão ampla e com resultados estatísticos tão sólidos. Embora cada hábito isolado produza efeitos menores em comparação a tratamentos especializados, sua adoção em conjunto oferece uma estratégia universal, acessível e preventiva para toda a sociedade, inclusive a sociedade brasileira, com sua pluralidade cultural e biodiversidade. Com essa base, torna-se possível democratizar intervenções eficazes e reduzir, progressivamente, o impacto dos transtornos mentais no cenário nacional e mundial.
A disseminação desse conhecimento permite que a população, sem a necessidade de acompanhamento profissional contínuo, faça escolhas informadas. O reconhecimento da eficácia desses hábitos diários representa um passo importante rumo à promoção do bem-estar coletivo, tornando a manutenção da saúde mental uma meta atingível no dia a dia, integrando práticas e riquezas naturais e culturais do Brasil.
