O funcho, mais conhecido no Brasil como erva-doce, destaca-se tanto pelo aroma marcante quanto pelos usos variados na culinária caseira e na fitoterapia popular. Esta planta, pertencente ao gênero Foeniculum, é amplamente cultivada em diferentes regiões brasileiras, especialmente na região Sudeste, Sul e Centro-Oeste, onde encontra climas moderados e solos férteis favoráveis ao seu desenvolvimento. Seu cultivo atrai não apenas pelas folhas aromáticas, usadas para fazer chás tradicionais, mas também pela possibilidade de consumo de suas sementes e talos, valorizados em saladas típicas ou como tempero em receitas de pães, bolos e doces regionais.
Entre as variedades mais conhecidas, encontram-se o funcho-de-florença e a erva-doce-de-cabeça. As estruturas consumidas, muito utilizadas na culinária do interior do Brasil, são na verdade pecíolos e bainhas foliares que se desenvolvem em formato volumoso, sendo muitas vezes confundidos com bulbos. Além disso, o funcho-medicinal é reservado para cultivares utilizadas principalmente em fitoterápicos caseiros, evidenciando a versatilidade da espécie tanto em hortas domésticas, principalmente em quintais e canteiros de chá, quanto na produção comercial de chás e temperos brasileiros.

Como plantar funcho e garantir um desenvolvimento saudável?
O cultivo do funcho começa pela escolha de um local bem iluminado, onde a planta receba luz direta pelo menos durante parte do dia, algo bastante comum em varandas e quintais brasileiros. O solo deve ser leve, fértil, enriquecido com matéria orgânica como esterco curtido ou húmus de minhoca, e apresentar boa drenagem para evitar encharcamento, especialmente em regiões onde chove com frequência, como no verão brasileiro. Apesar de suportar uma leve geada, a espécie prefere ambientes de clima ameno, comuns sobretudo nas áreas altas do Sul e Sudeste, e umidade constante no solo, por isso, recomenda-se irrigação regular, sem excessos, ajustada ao regime de chuvas típicas de cada região.
O plantio pode ser feito diretamente no local definitivo da horta, um costume muito comum nas hortas urbanas e rurais brasileiras. Para algumas variedades, como o funcho-de-florença, recomenda-se semear direto, já que o transplante pode prejudicar o desenvolvimento. Quando o cultivo em vasos ou jardineiras for necessário, realidade frequente em apartamentos nas cidades, é importante optar por recipientes com pelo menos 30 cm de profundidade, permitindo o crescimento do sistema radicular profundo do funcho.

Quais são os cuidados essenciais no manejo do funcho?
Para assegurar um crescimento vigoroso do funcho ou da erva-doce, alguns cuidados fazem toda a diferença, seguindo saberes tradicionais muito presentes na cultura rural brasileira. Evitar o plantio ao lado do aneto, também conhecido como endro (Anethum graveolens), é fundamental, já que as espécies podem cruzar entre si e gerar plantas com características indesejadas, tanto em aroma quanto em produtividade.
- Retire plantas invasoras: a competição por nutrientes é mais acirrada nos primeiros meses do cultivo; no Brasil, plantas voluntárias como tiririca, picão e erva-quente devem ser removidas frequentemente.
- Cuide da nutrição do solo: a planta responde melhor em solos não ácidos, ricos em matéria orgânica, algo facilmente conseguido no Brasil com adubação orgânica de compostagem caseira ou esterco curtido.
- Evite a colheita precoce de folhas, caso o objetivo seja colher sementes, permitindo o pleno desenvolvimento da planta e florescimento, prática muito comum em quintais do interior.
- Para o funcho-de-florença: amontoar terra ao redor da base algumas semanas antes da colheita suaviza o sabor e clareia os talos, cuidado para não cobrir o broto central de onde surgem novas folhas.

Quando e como realizar a colheita do funcho?
O tempo ideal para a colheita depende do tipo de funcho cultivado e do propósito do uso. No caso das folhas, tradicionalmente usadas em chás contra má digestão e cólicas, elas podem ser retiradas quando a planta já está bem formada. Se o objetivo é obter sementes, utilizadas em receitas de bolo de fubá, broas ou mesmo para chás, a orientação é aguardar a maturação completa, evitando cortar as folhas prematuramente. Quanto ao funcho-de-florença, a colheita geralmente ocorre entre 80 e 100 dias após o plantio, devendo ser feita antes do surgimento das flores para evitar sabor amargo, especialmente em regiões de clima mais quente.
- Para colher talos, retire a terra depositada ao redor das plantas, prática comum em pequenas hortas rurais.
- Corte a planta a cerca de 2,5 cm acima do solo, o que favorece o rebrote e novas colheitas ao longo do ano.
- Em novas brotações, pequenas folhas podem ser colhidas em seguida, garantindo aproveitamento contínuo nas receitas e remédios naturais.
Dessa maneira, o cultivo do funcho pode tornar-se uma atividade produtiva, sustentável e conectada com a cultura brasileira, possibilitando colheitas repetidas, principalmente quando conduzido como planta perene nas regiões de clima ameno. A escolha pelo uso culinário, fitoterápico ou ornamental orienta o manejo e os cuidados recomendados em cada etapa de desenvolvimento, respeitando as tradições culturais e climáticas do Brasil.