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Ter propósito de vida pode ajudar a manter a saúde do cérebro por mais tempo segundo especialistas

Sentir-se motivado diariamente e ter um objetivo de vida claro pode trazer não apenas satisfação, mas também benefícios concretos para a saúde. Pesquisas em comunidades como Ikaria, na Grécia, e Okinawa, no Japão, evidenciaram que a existência de um propósito está ligada à longevidade e à qualidade de vida dos habitantes. Essas regiões são mundialmente reconhecidas como Zonas Azuis, locais onde a expectativa de vida é significativamente superior à média global. No Brasil, apesar das particularidades culturais e ambientais, observa-se crescente interesse em comunidades que demonstram qualidade de vida elevada, muitas vezes relacionadas a uma forte integração com a natureza, o convívio social e valores coletivos presentes em regiões do interior e em áreas próximas à floresta Amazônica, ao Cerrado ou à Mata Atlântica.

Mais recentemente, um estudo realizado pela Universidade da Califórnia em Davis trouxe à tona novos dados sobre a importância de ter um sentido de missão pessoal. Baseando-se em um acompanhamento realizado ao longo de até 15 anos com mais de 13 mil adultos com boa saúde cognitiva inicialmente, o trabalho revela que ter um objetivo claro pode ajudar a reduzir o risco de comprometimento cognitivo em até 28%.

Como o propósito influencia a saúde cerebral?

O estudo identificou que indivíduos que relataram níveis elevados de propósito apresentaram menor incidência de problemas como esquecimento, dificuldade de concentração e até mesmo quadros de demência. Essa proteção contra deterioração cognitiva foi observada independentemente de fatores como educação, histórico familiar, presença do gene APOE4, relacionado ao risco de doença de Alzheimer, ou sintomas de depressão.

Além disso, observou-se que esse sentido de direção na vida ajudou a adiar o surgimento dos primeiros sintomas de distúrbios neurológicos. Em média, pessoas com propósitos definidos começaram a experimentar sinais de comprometimento mental cerca de 1,4 meses depois, num intervalo analisado de oito anos, sugerindo uma relação consistente ao longo do tempo. Vale mencionar que estudos semelhantes têm sido replicados em outras regiões, como Sardenha, na Itália, corroborando esses achados. No contexto brasileiro, iniciativas de envelhecimento ativo que valorizam o contato com biomas locais, como caminhar em parques naturais ou participar de hortas comunitárias urbanas, também mostram benefícios para a saúde mental e contribuem para uma vida mais significativa.

Ter propósito de vida pode ajudar a manter a saúde do cérebro por mais tempo segundo especialistas
pessoa triste – Créditos: depositphotos.com / Jaykayl

Quais fatores aumentam o senso de propósito?

A pesquisa ressalta que o chamado “propósito de vida” pode ser construído por meio de uma variedade de caminhos, muitos dos quais são conhecidos na cultura japonesa como ikigai. Entre essas fontes de motivação estão:

  • Relacionamentos interpessoais (amizades, família, laços afetivos)
  • Atividades profissionais ou voluntariado
  • Metas pessoais (como aprender algo novo ou atingir um objetivo específico)
  • Espiritualidade ou religiosidade
  • Ajudar outras pessoas

Esses elementos, presentes na rotina das comunidades das Zonas Azuis, podem ser adaptados à realidade de cada pessoa, funcionando como impulsionadores de satisfação e bem-estar ao longo do tempo. Também no Brasil, fortalecer laços familiares, participar de festas populares, rodas de conversa, grupos de capoeira, voluntariado em projetos sociais ou ambientais são formas acessíveis de cultivar propósito. Acrescenta-se ainda que atividades ao ar livre, como caminhadas em trilhas de mata nativa, cultivo de plantas típicas como jabuticabeiras ou ipês, e banhos de rio, estão profundamente ligadas à nossa cultura regional e podem dar mais sentido à vida cotidiana. Pesquisadores da Universidade de Harvard também observaram que a integração desses elementos ao longo da vida adulta resulta em melhores indicadores de saúde mental.

Ter um propósito realmente previne demência?

Embora a relação entre propósito e proteção cognitiva seja robusta nas evidências observadas, os próprios autores do estudo ressaltam que não se pode afirmar, de maneira definitiva, que existe uma relação de causa e efeito. O que se percebe é que o bem-estar psicológico está fortemente associado à manutenção da saúde cerebral em idades avançadas.

Para medir o nível de propósito entre os participantes, a equipe utilizou um questionário de bem-estar composto por sete perguntas abrangendo tópicos como clareza de objetivos, engajamento em planos e sentimentos de realização pessoal. Já o desempenho cognitivo foi avaliado periodicamente através de testes telefônicos, buscando identificar eventuais alterações na função mental ao longo do tempo. Vale citar que os métodos de avaliação desse tipo de pesquisa frequentemente seguem padrões internacionais, como os incluídos nos protocolos da Organização Mundial da Saúde.

Ter propósito de vida pode ajudar a manter a saúde do cérebro por mais tempo segundo especialistas
pessoa bebendo chá – Créditos: depositphotos.com / HayDmitriy

Como fortalecer o propósito de vida no dia a dia?

Adotar práticas que ajudem a alimentar o senso de direção pode ser uma estratégia simples e acessível. Alguns caminhos incluem:

  1. Desenvolver e cultivar relacionamentos afetivos.
  2. Estabelecer metas pessoais, mesmo que de curto prazo.
  3. Praticar atividades voluntárias ou hobbies significativos.
  4. Buscar autoconhecimento através de reflexão, meditação ou terapias.
  5. Engajar-se em grupos sociais, religiosos ou culturais.

O acesso a um propósito de vida é gratuito e pode ser exercitado a qualquer momento da trajetória pessoal, mostrando-se como um recurso importante no cuidado integral da saúde, principalmente durante o envelhecimento. Além das dicas listadas, a busca por aprendizado contínuo, pequenas autossuperações e participação em projetos coletivos têm se mostrado eficazes para fortalecer esse senso de significado. No contexto do Brasil, aproveitar o clima tropical e a rica flora propicia oportunidades de lazer ao ar livre, contato com plantas nativas e integração com a biodiversidade — desde um passeio numa praça arborizada de ipês-rosa, taiobas, bromélias ou um banho de cachoeira no verão até a participação no cultivo de alimentos típicos em hortas urbanas.

Pesquisas futuras poderão esclarecer se estratégias específicas para estimular o sentido de propósito realmente funcionam como uma medida preventiva para doenças neurodegenerativas. Até lá, os resultados apontam para a relevância de investir em bem-estar psicológico como forma de promover uma vida longa e mentalmente saudável, adaptando práticas às riquezas culturais, climáticas e naturais presentes no cotidiano brasileiro.

pessoa feliz – Créditos: depositphotos.com / evgenyataman
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