A elevação da temperatura corporal, conhecida popularmente como febre, é um sintoma frequente em casos de diversas infecções e condições médicas, especialmente no Brasil, onde fatores como clima quente e úmido podem facilitar a proliferação de agentes infecciosos. Ao longo do dia, esse quadro costuma se intensificar nas horas finais, trazendo desconforto extra para quem já está abalado pela enfermidade. A febre, porém, não deve ser encarada como uma doença, mas sim como um forte indicativo de que o organismo está reagindo a algum agente externo ou interno anormal.
Para distinguir adequadamente os quadros febris, é importante entender a diferença entre o que os profissionais de saúde chamam de febre e febrícula. Enquanto esta última representa uma elevação mais discreta, geralmente considerada entre 37,5°C e 37,9°C, a febre propriamente dita é caracterizada pela marca igual ou superior a 38°C. Esse parâmetro clínico é fundamental durante o atendimento em prontos-socorros e consultórios, guiando desde o diagnóstico até a indicação de possíveis intervenções.
Por que a febre costuma se agravar à noite?
A variação de temperatura ao longo do dia não acontece por acaso. O corpo humano mantém um sofisticado sistema de regulação térmica, influenciado por mecanismos cerebrais e hormonais, entre eles o papel fundamental da hipófise. Esse órgão atua em sincronia com os ritmos circadianos, que respondem principalmente à quantidade de luz recebida pelo corpo. Assim, conforme a luminosidade diminui ao entardecer, o sistema biológico pode elevar naturalmente a temperatura entre 0,5°C e 1°C.
Nesses momentos, mesmo indivíduos saudáveis experimentam uma discreta elevação térmica, que tende a ser mais acentuada em quem já apresenta quadro febril. Isso ajuda a explicar a sensação de que a febre “aumenta” nas últimas horas do dia. O que ocorre, na prática, é o reforço dos mecanismos normais de elevação da temperatura, potencializando o sintoma em pessoas doentes. Esse fenômeno é observado tanto em crianças quanto em adultos e explica por que é comum observar picos de febre no final do dia ou durante a noite. Recentemente, estudos conduzidos na Universidade de São Paulo reforçaram essa hipótese, demonstrando que o ritmo circadiano desempenha papel central no agravamento dos sintomas febris em todos os grupos etários. Em nosso país tropical, onde a intensidade do sol e a variação de luz são marcantes durante o ano, essas alterações podem ser ainda mais sentidas, principalmente em regiões de clima quente como o Norte e Nordeste.

Febre em crianças e adultos: Quais são as principais diferenças?
O processo febril apresenta particularidades de acordo com a faixa etária. Crianças, especialmente bebês com poucos meses de vida, tendem a manifestar temperaturas mais elevadas em resposta a quadros infecciosos, se comparadas aos adultos. Em neonatos, temperaturas de até 38°C podem ser consideradas normais, enquanto nos adultos o limiar febril é superado com valores iguais ou acima disso. O organismo infantil pode, inclusive, atingir graus muito altos diante de agentes patológicos relativamente comuns. Nos idosos, a febre pode ser menos perceptível, mesmo diante de infecções graves, o que reforça a importância de se observar outros sintomas associados. No contexto brasileiro, doenças como dengue, chikungunya e zika, comuns em áreas tropicais repletas de vegetação e presença de mosquitos como o Aedes aegypti, devem ser especialmente consideradas frente à febre, principalmente em crianças pequenas.
- Recém-nascidos: Podem apresentar doenças graves sem desenvolvimento de febre alta.
- Crianças: Mais propensas à variação acentuada da temperatura, mesmo com infecções leves.
- Adultos: Geralmente têm respostas térmicas menos voláteis, e a febre costuma indicar quadro infeccioso ou inflamatório relevante.
Quais são as melhores formas de tratar a febre?
O manejo da febre exige atenção tanto aos valores aferidos quanto ao estado geral do paciente. Em muitos casos, não é imprescindível baixar a temperatura, a menos que cause desconforto significativo. O uso racional de antitérmicos, como paracetamol ou ibuprofeno, é recomendado conforme a dose adequada à faixa etária e ao peso do paciente. Além disso, evitar o excesso de agasalhos e proporcionar ambiente arejado auxilia na dissipação do calor acumulado – hábito importante considerando o clima geralmente quente e úmido do Brasil. Enquanto em algumas regiões mais frias, como o Sul no inverno, pode haver tendência ao superaquecer o ambiente, no restante do país é fundamental manter ventilação adequada.
- Administrar antitérmicos conforme orientação médica.
- Manter hidratação adequada, oferecendo água frequentemente, além de sucos naturais típicos do Brasil, como os de laranja, acerola ou caju, que auxiliam na reposição de líquidos e vitaminas.
- Evitar banhos frios e alternar com panos levemente umedecidos, sempre com cautela.
- Observar evolução dos sintomas e buscar avaliação médica em casos persistentes ou febre alta.
Métodos populares, como banhos gelados, devem ser evitados, pois podem gerar reações adversas e até riscos como convulsão devido ao choque térmico. Técnicas como compressas mornas e hidratação regular são geralmente mais seguras, mas nunca substituem orientações médicas especializadas em situações de febre prolongada, recorrente ou com sinais de alerta associados. Aplicativos de monitoramento de saúde, como o Apple Health ou o Google Fit, podem ser úteis para acompanhar a evolução dos sintomas, principalmente em crianças e idosos. Vale a pena lembrar que chás caseiros à base de ervas da flora brasileira, como erva-cidreira ou camomila, podem ser oferecidos para aumentar o conforto, desde que não substituam o tratamento médico e estejam de acordo com a idade da criança.

Quando é recomendado procurar um médico por causa da febre?
A avaliação médica se torna fundamental diante de persistência do quadro febril, febre elevada (acima de 39°C), outros sintomas sistêmicos, ou em casos envolvendo bebês, idosos e pessoas com doenças crônicas. Atenção especial deve ser dada quando o aumento de temperatura persiste por vários dias ou quando surgem sinais como dificuldade para respirar, confusão mental ou queda do estado geral. Em 2025, a recomendação permanece: qualquer febre de origem desconhecida merece investigação criteriosa para garantir um tratamento seguro e eficaz. Isso é particularmente importante considerando a presença, em território brasileiro, de doenças tropicais, arboviroses e condições infecciosas que podem evoluir rapidamente sem tratamento adequado.
Em síntese, a febre continua sendo um dos sinais mais relevantes na prática clínica, ajudando a direcionar o cuidado médico em adultos e crianças. O conhecimento dos mecanismos que influenciam a variação térmica ao longo do dia, bem como o manejo apropriado dos sintomas, contribui para garantir conforto e segurança na recuperação do paciente, sobretudo em um país de dimensões continentais, rica biodiversidade e grande diversidade climática como o Brasil.
