Com o avanço das tecnologias digitais, o uso de aparelhos eletrônicos por crianças e adolescentes tornou-se parte integrante da rotina familiar. No entanto, a presença constante de telas no dia a dia levanta questões sobre o impacto desse hábito na saúde e no desenvolvimento dos jovens, especialmente no que diz respeito à qualidade do sono.
Nos últimos anos, a popularização de smartphones, tablets e outros dispositivos eletrônicos facilitou o acesso à informação e ao entretenimento, mas também trouxe desafios. Crianças e adolescentes frequentemente utilizam esses aparelhos até tarde da noite, fenômeno que afeta diretamente a quantidade e a qualidade do descanso noturno. Pesquisas recentes destacam que boa parte da juventude brasileira entra em contato com conteúdos digitais desde cedo, ressaltando a necessidade de acompanhamento parental contínuo.

Como o uso excessivo de eletrônicos afeta o sono das crianças?
O sono é um processo biológico essencial para o crescimento e desenvolvimento físico e cognitivo das crianças. Durante o descanso noturno, ocorrem etapas fundamentais, como a consolidação da memória e a liberação de hormônios ligados ao crescimento. Ao passar longos períodos diante das telas, especialmente próximo ao horário de dormir, há maior probabilidade de as crianças irem para a cama mais tarde e dormirem menos do que o recomendado para sua faixa etária.
As necessidades de sono variam de acordo com a idade. Por exemplo, bebês entre quatro e doze meses precisam de 12 a 16 horas de sono diárias, enquanto adolescentes necessitam entre 8 e 10 horas. Ao reduzir essas horas devido ao uso prolongado de aparelhos eletrônicos, sintomas como irritabilidade, sonolência diurna e dificuldades na concentração podem manifestar-se rapidamente. No contexto escolar, a má qualidade do sono tende a prejudicar o rendimento acadêmico e o interesse em atividades cotidianas.

Qual é o papel da luz azul nos distúrbios do sono?
Um dos principais elementos que interferem negativamente no descanso está relacionado à “luz azul” emitida por celulares, computadores e tablets. Esse tipo de luz inibe a produção da melatonina, hormônio responsável pela indução ao sono e regulagem do ciclo biológico do corpo. Crianças menores, com a visão e o organismo em desenvolvimento, mostram-se mais vulneráveis aos efeitos dessa exposição, tornando o risco de distúrbios do sono ainda maior.
- Inibição hormonal: A diminuição da melatonina afeta o início e a profundidade do sono.
- Sensibilidade infantil: Olhos em formação são mais sensíveis à luminosidade artificial, prolongando a vigília noturna.
- Desconfortos a longo prazo: Alterações prolongadas podem comprometer o equilíbrio emocional e imunológico.
Evitar o uso de eletrônicos pelo menos uma hora antes de dormir e preferir atividades relaxantes, como ouvir histórias ou ler um livro, contribui para um ambiente propício ao sono reparador.

Quais estratégias podem limitar os efeitos negativos dos eletrônicos na infância?
Para preservar a saúde e o desenvolvimento adequado de crianças e adolescentes frente ao uso de aparelhos eletrônicos, algumas medidas práticas podem ser adotadas no cotidiano. A implementação de uma rotina de sono estruturada, com horários regulares e tarefas pré-definidas antes de dormir, é um passo fundamental. Além disso, a criação de regras claras sobre o tempo diário destinado a eletrônicos, conforme a faixa etária, tende a auxiliar no controle desse hábito.
- Estabeleça uma rotina noturna: Defina horários fixos para iniciar a preparação para o sono.
- Dê o exemplo: Pais e responsáveis que limitam o próprio uso de aparelhos influenciam positivamente os filhos.
- Programe atividades relaxantes: Incentive conversas sobre o dia, leitura de histórias ou brincadeiras tranquilas longe das telas.
- Restrinja a presença de eletrônicos no quarto: Evite que dispositivos permaneçam acessíveis no ambiente do sono.
Com pequenas mudanças no cotidiano, é possível equilibrar o uso da tecnologia e proteger o descanso de qualidade, essencial para o aprendizado, o crescimento saudável e o bem-estar integral das futuras gerações. Além disso, é importante salientar que em alguns casos, a consulta a profissionais de saúde, como pediatras e especialistas em sono, pode ser recomendada caso os distúrbios persistam mesmo após as mudanças de rotina. Vale lembrar que recomendações de instituições como a Organização Mundial da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria sugerem limitar o uso de eletrônicos em crianças pequenas e monitorar de perto a exposição em adolescentes, reforçando a necessidade de atenção contínua ao assunto.