Congelar alimentos representa uma estratégia prática e bastante utilizada nos lares brasileiros para otimizar o uso dos mantimentos e reduzir o desperdício. Em especial em regiões de clima quente e úmido, como a maior parte do Brasil, o congelamento se torna fundamental para manter a qualidade de carnes, frutas, verduras e pratos típicos preparados em grande quantidade. Ao armazenar produtos sob temperaturas inferiores a -18°C, é possível impedir a multiplicação de microrganismos responsáveis pela deterioração dos alimentos, garantindo sua conservação por períodos prolongados. Esse procedimento é especialmente útil para quem comprou grandes quantidades durante promoções em feiras, aproveitou a safra de frutas brasileiras como manga, acerola e goiaba ou preparou excedente de alimentos típicos, como feijão, arroz, farofa ou pratos com mandioca, milho e abóbora.
A utilização correta do freezer é fundamental não só para preservar o sabor e a textura dos alimentos, mas também para manter a segurança alimentar. Porém, é necessário estar atento a algumas regras básicas relacionadas ao congelamento e ao descongelamento, já que práticas inadequadas podem colocar em risco a qualidade das refeições. O ambiente gelado do freezer desacelera o desenvolvimento bacteriano, mas não elimina todos os riscos se etapas forem ignoradas, principalmente considerando que o clima tropical favorece a multiplicação rápida dos microrganismos fora do frio.
Por que é importante evitar recongelar alimentos?
Quando se opta por descongelar um produto, as bactérias presentes podem voltar a se multiplicar rapidamente após a remoção do alimento do freezer, especialmente em ambientes quentes típicos das casas brasileiras. Caso o mesmo item recém-descongelado seja congelado pela segunda vez sem um processamento adequado, o risco de contaminação aumenta consideravelmente. Além dos aspectos relacionados à saúde, a recongelação causa alterações físicas: a formação de novos cristais de gelo danifica a estrutura interna do alimento, levando à perda de água, textura e intensificando a sensação de comida insossa ou ressecada. Isso é percebido facilmente em carnes de gado, frango ou peixes de água doce comuns em nossas regiões, além de frutas tropicais e raízes como inhame, cará e mandioca.

Quais alimentos podem ser congelados e recongelados com segurança?
A orientação padrão é que alimentos só devem ser congelados e descongelados uma única vez. No entanto, existe uma exceção relevante: alimentos que passaram por um novo processo de cozimento após o descongelamento podem retornar ao freezer. O calor intenso em preparos acima de 65°C reduz a presença de bactérias, tornando o alimento seguro para um novo congelamento após o resfriamento adequado. Exemplos incluem pratos prontos como guisados, moquecas, feijão tropeiro, sopas de legumes nativos ou assados que foram preparados a partir de ingredientes previamente congelados. Vale destacar que preparações que contenham ovos ou frutos do mar (muito consumidos em cidades litorâneas brasileiras) também merecem atenção redobrada quanto ao processo de cozimento e resfriamento para garantir total segurança.
Como garantir a qualidade e segurança dos alimentos congelados?
Algumas práticas podem fazer diferença no prolongamento da vida útil dos alimentos congelados e evitar problemas futuros:
- Utilize recipientes apropriados: Prefira embalagens de vidro resistente a variações de temperatura ou plásticos específicos para freezer, vedando bem para evitar o contato com o ar. No Brasil, potes plásticos reutilizáveis de marcas confiáveis ou sacos próprios para freezer são muito utilizados.
- Respeite os prazos de armazenamento: Produtos como carnes e frango podem permanecer no freezer por até 12 meses. Ovos (claras ou gemas separadas) também suportam longos períodos, quando armazenados corretamente. Isso vale tanto para carnes vermelhas tradicionais quanto para cortes de frango, suínos e peixes regionais.
- Identifique datas: Anotar a data de congelamento em cada embalagem ajuda no controle e evita que os alimentos sejam mantidos além do recomendado. Uma prática comum é reaproveitar etiquetas de papel ou fita crepe e caneta para marcar cada pote.
- Descongele corretamente: Para evitar choques térmicos, utilize o microondas na função específica de descongelamento ou mantenha os alimentos na geladeira, que no Brasil normalmente opera entre 4°C e 8°C, em níveis inferiores, até que estejam prontos para o consumo ou preparo.
- Vegetais e leguminosas: Estes itens podem ser adicionados diretamente à água fervente, agilizando o preparo e minimizando perdas nutricionais. No caso de verduras comuns brasileiras, como couve, espinafre, abóbora, quiabo e vagem, o branqueamento prévio é recomendado para preservar cor e sabor.

Quais são os principais cuidados durante o armazenamento?
Mantendo o freezer bem organizado, com espaços entre as embalagens para circulação do ar, é possível melhorar a conservação da temperatura interna e assegurar que todos os alimentos sejam resfriados igualmente. É fundamental evitar o descongelamento parcial ao abrir o eletrodoméstico com frequência ou deixá-lo aberto por longos períodos, o que é ainda mais importante em regiões quentes do país. O controle da temperatura também é essencial: freezers modernos indicam constantemente quando o ambiente interno atinge níveis superiores ao ideal, servindo de alerta para ações corretivas imediatas. Outras práticas envolvem evitar colocar alimentos ainda quentes direto no freezer e utilizar etiquetas impermeáveis para melhor visualização das informações. Aproveite para congelar alimentos típicos de cada estação, valorizando ingredientes regionais da flora brasileira, como castanhas, buriti, cajá, açaí, jambu, entre outros, respeitando sempre as recomendações de preparo.
Cumprindo as orientações sobre congelamento e descongelamento, aproveita-se ao máximo os recursos disponíveis, garantindo refeições seguras sem abrir mão do sabor dos insumos brasileiros. Atitudes simples, como rotular embalagens, respeitar prazos e não recongelar alimentos inadequadamente, contribuem para uma alimentação mais saudável, alinhada à cultura nacional e para o uso consciente dos alimentos em casa.
