A canela, valorizada desde a Antiguidade por suas propriedades únicas, tem conquistado espaço nas cozinhas e nos estudos científicos do Brasil e do mundo. De sabor marcante e aroma intenso, essa especiaria é obtida da casca de árvores do gênero Cinnamomum, com destaque para a canela-da-china e a canela-ceilão. No contexto brasileiro, a canela é facilmente encontrada em versões em pau, em pó, cápsulas e até óleo essencial em supermercados, feiras livres, mercados municipais e lojas de produtos naturais, fazendo parte do cotidiano de várias regiões, sobretudo no Sudeste e Sul. Presente do café colonial do sul às receitas nordestinas de cocadas e mingaus, a canela integra receitas doces e salgadas, além de ser amplamente utilizada em bebidas e chás, principalmente durante os períodos mais frios do outono-inverno.
Desfrutar da canela vai além do paladar: diversos estudos recentes indicam que seus compostos, como o cinamaldeído, eugenol e linalol, contribuem para proteger o organismo. A presença desses fitonutrientes, por exemplo, está associada ao fortalecimento de mecanismos internos que reduzem processos inflamatórios e minimizam danos oxidativos, apoiando a qualidade de vida ao longo dos anos.
Quais são os principais benefícios da canela?
Ao analisar o papel funcional da canela, destaca-se a atuação dos flavonoides e outros fitoquímicos em várias frentes do metabolismo humano. Substâncias presentes nessa especiaria têm sido associadas à prevenção de doenças cardiovasculares, auxílio no tratamento da diabetes tipo 2 e potencial proteção neurológica. Por meio da melhora da sensibilidade à insulina, a canela contribui para o controle glicêmico, ajudando a regular os níveis de açúcar no sangue e impedir quadros de resistência à insulina.
A ação termogênica da canela também merece atenção. O cinamaldeído, composto predominante, pode ativar proteínas envolvidas no uso da gordura corporal como fonte de energia. Esse processo desperta interesse em pessoas que buscam o emagrecimento, já que a especiaria favorece o aumento do gasto metabólico e pode auxiliar na redução do acúmulo de gordura. Estudos recentes também sugerem que a canela pode modular a microbiota intestinal, promovendo equilíbrio das bactérias benéficas, o que reforça seus efeitos positivos na saúde metabólica e imunológica. Por exemplo, pesquisas em universidades no Brasil, como a USP, indicam que a inclusão da canela em hábitos alimentares populares, como polvilhar no cafezinho ou em frutas típicas como banana e maçã, pode estar relacionada à diminuição de marcadores inflamatórios em diferentes perfis de pacientes.

Como a canela pode ser consumida no dia a dia?
Poucas especiarias oferecem tanta versatilidade quanto a canela. Seja para incrementar o sabor de frutas tropicais, banana, mamão, abacaxi, iogurtes, cereais matinais, cafés ou em receitas de carne suína, pães de queijo, bolos de milho e biscoitos caseiros, seu uso é amplamente difundido pelas cozinhas brasileiras. A adição de uma colher de chá de canela em bebidas ou alimentos é uma prática comum, principalmente para quem procura estratégias naturais para controlar a glicemia.
No preparo de chás, basta colocar pau de canela em água fervente e deixar em infusão por cerca de 10 minutos. No inverno brasileiro, é comum encontrar canela reforçando o sabor do quentão e do vinho quente em festas juninas, além de ser adicionada à água junto de outros ingredientes nativos, como o gengibre. Para quem aprecia consumo regular, a chamada água de canela pode ser preparada fervendo-se quatro paus de canela em dois litros de água. Já nas grandes cidades, cápsulas de canela, com ingestão recomendada de 1 a 6 gramas diários, aparecem como alternativa prática, sempre com recomendação de profissionais de saúde. Além dessas formas, é possível encontrar o extrato líquido de canela, ideal para smoothies tropicais ou compor molhos. Também é possível encontrar receitas adaptadas em sites como Tudo Gostoso, onde chefs brasileiros compartilham dicas criativas para incluir a especiaria no dia a dia.
Que cuidados são necessários ao incluir canela na dieta?
A despeito dos benefícios, a ingestão exagerada pode trazer riscos. Um dos pontos de atenção recai sobre a variedade Cinnamomum cassia, que contém altos teores de cumarina, substância que, em excesso, poderá causar reações adversas, especialmente para pessoas com doenças hepáticas ou sensibilidade a alergias e irritações cutâneas.
- Gestantes: o consumo deve ser moderado, pois quantidades elevadas podem estimular contrações uterinas.
- Bebês e crianças: uso cauteloso, especialmente em casos de histórico familiar de alergias ou asma.
- Pessoas com alterações no fígado ou úlceras: é recomendado evitar o uso sem orientação médica.
A quantidade indicada costuma ser de até seis gramas por dia, durante um período de seis semanas, com intervalos previstos para evitar sobrecarga ao organismo. A orientação de um nutricionista ou profissional de saúde nunca deve ser dispensada nesses casos.

Qual é o potencial da canela na prevenção de doenças crônicas?
Diversas pesquisas sugerem que, além de melhorar o metabolismo da glicose e combater inflamações, a canela pode atuar na prevenção do envelhecimento precoce e de enfermidades crônicas, como doenças cardíacas e câncer. Seus antioxidantes, como os compostos fenólicos, auxiliam a eliminar radicais livres e reduzem danos às células. A especiaria também possui efeito antimicrobiano, contribuindo na prevenção de infecções bacterianas e fúngicas, além de ser relacionada à manutenção do perfil lipídico, com diminuição dos níveis de colesterol LDL e triglicerídeos.
Estudos também indicam possíveis benefícios para a saúde cerebral, devido à capacidade de proteger os neurônios e melhorar funções cognitivas, com destaque para os potenciais efeitos na memória e prevenção de doenças neurodegenerativas. Embora muitos desses achados sejam promissores, seguem em investigação para confirmação de todos os mecanismos envolvidos nos seres humanos. Vale ressaltar que a canela pode atuar de forma sinérgica com outros alimentos antioxidantes típicos da flora brasileira, como açaí, cacau nativo, castanhas do Brasil e frutas vermelhas do cerrado, potencializando os efeitos protetores no organismo. Em 2022, um estudo publicado no Health Journal reforçou o papel do consumo moderado de canela no suporte à saúde do sistema imunológico.
Quais são as formas criativas de inserir a canela na alimentação?
Para tornar o consumo da canela ainda mais prático, algumas sugestões incluem o uso em receitas caseiras, como bolos de fubá, panquecas de banana, canjica, arroz doce e doces típicos regionais, polvilhando na finalização ou durante o preparo. No caso das carnes e pratos salgados, a especiaria pode ser combinada a temperos nativos como pimenta-do-reino, ervas frescas (alecrim, manjericão, cebolinha) e anis-estrelado, conferindo aroma e sabor singulares à culinária de várias regiões brasileiras.
- Acrescentar ao café coado para um toque especial bem brasileiro.
- Polvilhar sobre frutas frescas como banana, mamão e maçã.
- Adicionar em massas de bolos de milho, pão de queijo e biscoitinhos de polvilho.
- Usar no preparo de bebidas como quentão, vinho quente, chás e chocolates caseiros.
- Incorporar em pratos salgados, como arroz branco, carne de panela e moquecas.
Independentemente do modo de uso, a canela se destaca não apenas pelo sabor, mas pelo potencial de contribuir de forma positiva à saúde quando consumida adequadamente. A presença dessa especiaria na rotina pode, inclusive, incentivar escolhas alimentares mais naturais e diversificadas, complementando planos alimentares equilibrados e estilos de vida saudáveis, valorizando ingredientes da rica flora do Brasil.
