No Brasil, cultivar mandioca é uma tradição fortemente enraizada na cultura alimentar e agrícola de diferentes regiões, refletindo a diversidade do nosso território. Essa raiz, conhecida em algumas áreas como “aipim” ou “macaxeira“, está presente desde o Norte, onde faz parte do cotidiano amazônico, até o Sul, onde acompanha pratos típicos no frio inverno. Além de ser fonte de energia, possui grande versatilidade culinária, sendo usada em receitas como a tapioca, o pão de queijo mineiro e a famosa vaca-atolada. O interesse pelo cultivo da mandioca cresce entre pequenos produtores e também entre quem busca um espaço para plantar em casa ou em pequenas propriedades rurais, inclusive em estados como Paraná e Minas Gerais, grandes produtores nacionais.
O plantio da mandioca envolve alguns cuidados desde a escolha das manivas até a colheita, influenciando diretamente na produtividade e na qualidade das raízes. Por ser uma cultura adaptável, exige atenção principalmente à escolha do solo, à disposição das mudas e ao manejo hídrico nos primeiros meses, fatores essenciais para garantir o sucesso no cultivo em um país de clima predominantemente tropical e subtropical.
Como iniciar o plantio de mandioca?
A mandioca deve ser plantada em solos bem drenados, preferencialmente ricos em matéria orgânica, como ocorre naturalmente em solos de várzea e terras roxas brasileiras. Evitar áreas de solo argiloso e compactado é fundamental, já que ambientes assim dificultam o desenvolvimento das raízes. Um solo leve e permeável vai facilitar o crescimento, além de permitir melhor escoamento de água, condição que previne doenças e apodrecimento, algo importante nas regiões de chuvas mais intensas, como o verão no Sudeste e Centro-Oeste.
O preparo do terreno inclui a retirada de pedras e resíduos e, quando possível, uma análise prévia das condições do solo para correção de nutrientes. Para iniciar, utilizam-se as manivas, pedaços de caule cortados de plantas adultas e saudáveis. As manivas, geralmente com 20 centímetros de comprimento e pelo menos quatro gemas, são a base do plantio comercial da mandioca, pois garantem melhor enraizamento e vigor à nova planta. Além disso, recomenda-se adquirir manivas de fornecedores certificados para garantir a sanidade e a qualidade do material de plantio. Em algumas regiões, como o noroeste do Paraná, há programas de extensão rural conduzidos por órgãos como a EMATER, que auxiliam produtores iniciantes nesse processo, fortalecendo a agricultura familiar, tão presente no campo brasileiro.

Quais são os métodos usados para plantar mandioca?
No processo de plantio, as manivas podem ser posicionadas de formas distintas: vertical, inclinada ou horizontal. Cada método tem benefícios específicos e podem ser adotados conforme o tipo de solo predominante em diferentes biomas nacionais, como o Cerrado e a Mata Atlântica. A disposição vertical proporciona raízes mais profundas, enquanto a maneira horizontal resulta em raízes mais superficiais, facilitando a colheita posteriormente.
A profundidade ao plantar deve ser de 5 a 10 centímetros. O espaçamento recomendado é de aproximadamente 1 metro entre fileiras e entre 50 a 60 centímetros entre plantas. Em sistemas de produção com fileiras duplas, alternam-se espaços de 2 metros e de 60 centímetros, otimizando a utilização do terreno e o rendimento da área cultivada, importante para pequenas propriedades muito comuns no interior brasileiro.
- Plantio horizontal: facilita a colheita devido ao posicionamento superficial das raízes.
- Plantio vertical e inclinado: recomendado para aproveitamento máximo das manivas e maior brotação.
Como cuidar e colher mandioca com sucesso?
A irrigação é crítica nos primeiros cinco meses, período em que a planta é mais sensível à falta de água e às variações climáticas, comuns em boa parte do Brasil, como as estiagens nordestinas. Após bem desenvolvida, a mandioca suporta curtos períodos de seca, demonstrando sua adaptação ao clima brasileiro. Não se recomenda a poda das plantas, exceto para a obtenção de novas manivas, pois podas inadequadas reduzem a produtividade das raízes.
Outro ponto importante está relacionado ao tempo de colheita: normalmente, a mandioca pode ser colhida entre 12 a 18 meses após o plantio, mas fatores como clima, cultivar plantado e características do solo podem alterar esse período. Por exemplo, em regiões quentes a colheita costuma ser mais rápida. Para evitar riscos à saúde, é fundamental lembrar que raízes, folhas e ramos não devem ser consumidos crus, pois contêm compostos tóxicos que só são neutralizados com o cozimento correto. Esse cuidado é uma sabedoria popular repassada de geração em geração entre comunidades indígenas e rurais brasileiras. Além desses cuidados, recomenda-se realizar a limpeza manual das plantas para evitar competição com ervas daninhas típicas da flora brasileira, como tiririca e braquiária, e utilizar adubação de cobertura quando necessário, potencializando o desenvolvimento das raízes.
- Seleção de manivas adequadas.
- Preparo correto do solo.
- Manutenção da irrigação nos primeiros meses.
- Observação do desenvolvimento da planta.
- Colheita no período ideal.

Quais dúvidas são comuns sobre mandioca?
Por que a mandioca não pode ser consumida crua? Durante o corte da mandioca, uma enzima presente na planta libera o ácido cianídrico, componente tóxico que pode ser prejudicial à saúde. O cozimento elimina essa substância, tornando segura a ingestão das raízes e folhas, conforme orienta a culinária tradicional brasileira ao preparar pratos como a “mariola” e o “tucupi”.
É possível plantar mandioca por sementes? Embora exista essa possibilidade, a prática não é recomendada devido à baixa eficiência e ao tempo de desenvolvimento prolongado em comparação ao plantio por manivas, que oferece resultados mais rápidos e confiáveis.
Com atenção aos detalhes do cultivo e respeito às particularidades do clima e da flora do Brasil, a mandioca pode se tornar uma alternativa produtiva, nutritiva e adaptável para regiões de diferentes características climáticas e edafológicas. Sua presença constante na mesa do brasileiro reforça o papel desse tubérculo na economia rural e na tradição culinária nacional. Em eventos como a Feira Nacional da Mandioca, realizada anualmente, novas técnicas, variedades e experimentos para melhorar a produção são apresentados, celebrando esse símbolo tão brasileiro e contribuindo para a evolução desse importante alimento.
