A parada cardíaca súbita é um episódio em que o coração interrompe subitamente sua função de bombear sangue, resultando em perda imediata da circulação para o cérebro e demais órgãos vitais. Estima-se que esse evento atinja centenas de milhares de pessoas a cada ano, sendo um dos principais desafios de saúde pública do século XXI. O reconhecimento precoce e a resposta ágil podem ser determinantes para aumentar as chances de sobrevivência.
A principal característica desse fenômeno é a ausência de qualquer aviso evidente para boa parte dos pacientes, que podem parecer saudáveis momentos antes do incidente. Muitas vezes, a parada cardíaca está associada a condições do coração já existentes, cujos sinais podem passar despercebidos ou serem confundidos com problemas menos graves.
O que pode provocar uma parada cardíaca?
A maior parte das paradas cardíacas súbitas está relacionada a doenças cardiovasculares, em especial à doença arterial coronariana. Isso ocorre quando uma obstrução em uma artéria do coração impede o sangue e o oxigênio de chegarem ao músculo cardíaco, gerando risco de arritmias fatais. Nesses casos, a fibrilação ventricular, atividade desordenada dos ventrículos, é um dos gatilhos mais frequentes para a parada.
Outros fatores podem contribuir para o surgimento desse quadro, tais como:
- Anomalias hereditárias no sistema elétrico do coração
- Alterações estruturais, como cardiomiopatias
- Uso abusivo de substâncias, principalmente drogas ou álcool
- Distúrbios eletrolíticos graves
Além das causas listadas, é possível que a parada cardíaca súbita aconteça mesmo em pessoas sem histórico conhecido de doença cardíaca, embora essa situação seja rara.

Quais sinais alertam para o risco iminente?
Muitas pessoas procuram saber se existem sintomas prévios antes de uma parada cardíaca. Embora alguns pacientes apresentem indícios, como dor no peito, desconforto, náusea, falta de ar ou mal-estar súbito, esses sinais também podem ser pouco específicos ou não aparecerem em todos os casos. Estudos recentes apontam que até metade dos indivíduos que sofrem parada cardíaca havia apresentado algum dos sintomas clássicos de infarto, como dor que irradia para o braço, mandíbula, costas ou pescoço, nas semanas anteriores ao evento.
Fadiga repentina, palpitações e episódios de tontura também devem servir de alerta, sobretudo em pessoas com fatores de risco cardíaco.
O que fazer imediatamente diante de uma parada cardíaca?
O reconhecimento rápido é fundamental para tentar reverter o quadro. Entre os principais sinais da parada cardíaca estão:
- Perda súbita de consciência
- Ausência de respiração espontânea
- Falta de pulso detectável
- Espasmos musculares súbitos
Ao presenciar uma situação dessas, três passos podem ser cruciais:
- Ligar imediatamente para serviços de emergência, informando a situação e o local preciso, em muitos locais do mundo, o número de emergência é o 192, como no Brasil, ou o 911 em países como os Estados Unidos. É fundamental comunicar claramente o endereço e aguardar orientação até a chegada do socorro.
- Iniciar manobras de reanimação cardiopulmonar (RCP) com compressões firmes e rápidas no centro do tórax, mantendo uma frequência próxima a 100 vezes por minuto
- Utilizar um desfibrilador externo automático, se disponível, seguindo as instruções visuais ou sonoras do aparelho
Essas ações mantêm o fluxo sanguíneo até a chegada de ajuda especializada, aumentando a chance de reversão do quadro e minimizando lesões cerebrais. Em muitas cidades, há treinamentos em primeiros socorros promovidos por entidades como a Cruz Vermelha ou serviços de saúde locais, ampliando a capacidade da população de agir em emergências.

Como é possível prevenir a parada cardíaca súbita?
A prevenção envolve adotar hábitos saudáveis e monitorar possíveis doenças cardíacas, especialmente entre grupos de risco como hipertensos, diabéticos e pessoas com histórico familiar. Dentre as estratégias recomendadas estão:
- Praticar atividade física regularmente, preferencialmente sob orientação médica
- Controlar o colesterol e a pressão arterial com acompanhamento periódico
- Parar de fumar e evitar excesso de álcool
- Alimentar-se de forma equilibrada, priorizando frutas, vegetais e grãos integrais
- Seguir corretamente os tratamentos médicos prescritos
Indivíduos com baixa fração de ejeção cardíaca ou que já tiveram um infarto podem ser avaliados para o uso de desfibriladores automáticos implantáveis, capazes de detectar e corrigir arritmias potencialmente fatais. A realização de exames cardíacos periódicos em pessoas de risco e a atenção aos sinais de alerta são práticas essenciais para a prevenção. Tornou-se cada vez mais comum que clínicas e hospitais de países como Alemanha, Estados Unidos e Brasil recomendem políticas de rastreamento mais ativo e investimentos em campanhas de conscientização.
O conhecimento sobre a parada cardíaca súbita e a difusão de informações sobre o que fazer em emergências são pontos centrais para a redução da mortalidade. Pequenas atitudes, desde reconhecer sinais até aprender técnicas básicas de emergência, podem fazer toda a diferença na preservação da vida.
