O excesso de ácido úrico no organismo pode causar desconforto intenso e até prejudicar as articulações, devido ao acúmulo de cristais que provocam inflamação e dor. Os sintomas, em geral, incluem inchaço e sensação aguda de dor, principalmente nos joelhos, tornozelos e dedos dos pés. Esse quadro, conhecido como gota, é cada vez mais comum e exige atenção especial à alimentação diária.
Manter os níveis de ácido úrico sob controle passa, principalmente, pela restrição de alguns alimentos ricos em purinas. Estas substâncias, quando metabolizadas pelo corpo, se convertem em ácido úrico, podendo desencadear crises em indivíduos mais sensíveis. Existem dois tipos de purinas: as produzidas internamente pelo organismo e as obtidas através da dieta. Justamente por isso, a escolha dos alimentos impacta diretamente no controle dessa condição.

Quais alimentos devem ser evitados por quem tem ácido úrico elevado?
Pessoas que convivem com altos índices de ácido úrico precisam ajustar o cardápio para reduzir o risco de crises. Alguns itens, consumidos com frequência, podem aumentar significativamente a produção de ácido úrico. Entre os principais vilões estão os carboidratos refinados, como pães brancos, bolos e biscoitos, que além de elevar a glicose, não contribuem para o controle da condição. Bebidas alcoólicas, especialmente a cerveja, possuem fator de risco duplo: são ricas em purinas e ainda dificultam a eliminação do ácido úrico através da urina.
Merecem destaque também os frutos do mar, como sardinhar, camarão, atum, lagosta e caranguejo, frequentemente associados ao aumento dos sintomas. Além disso, as vísceras, como fígado e língua, possuem elevados teores de purina, devendo ser retiradas da alimentação de quem deseja evitar complicações. Já carnes vermelhas apresentam níveis intermédios, mas seu consumo em excesso pode piorar o quadro clínico. Além disso, refrigerantes e sucos industrializados ricos em frutose também devem ser evitados, pois a frutose pode aumentar a produção de ácido úrico no corpo. Vale lembrar que a Organização Mundial da Saúde recomenda moderação no consumo de açúcar e bebidas adoçadas para reduzir diversos riscos de saúde, inclusive os relacionados ao ácido úrico.

Existe relação entre certos vegetais e o aumento do ácido úrico?
Embora muitos considerem os vegetais sempre seguros, alguns deles contêm quantidades significativas de purinas. Exemplos comuns incluem espinafre, couve-flor e alguns tipos de cogumelos. O consumo desses alimentos, mesmo sendo fontes importantes de vitaminas e minerais, deve ser moderado entre pessoas com propensão ao acúmulo de ácido úrico. Já o feijão-de-corda e outras leguminosas, apesar de saudáveis, podem contribuir para o aumento dos níveis, especialmente quando integrados diariamente ao cardápio. Apesar disso, pesquisas indicam que as purinas de origem vegetal geralmente têm impacto menor do que as de origem animal, mas ainda assim é recomendado moderação para pessoas sensíveis. Recomenda-se que, na dúvida, o paciente busque o acompanhamento de um nutricionista de confiança ou, em situações mais graves, a orientação de um reumatologista, como ressalta a Sociedade Brasileira de Reumatologia.
- Espinafre: rico em nutrientes, porém com elevado teor de purinas.
- Cogumelos: presença considerável de compostos que elevam ácido úrico.
- Couve-flor: deve ser consumida com moderação.
- Feijão-de-corda e buncis: apesar de populares, podem agravar sintomas se ingeridos em excesso.

Como substituir os alimentos ricos em purinas?
É possível adotar uma dieta equilibrada e saudável mesmo com restrições. Alguns alimentos podem ser incluídos sem preocupações, ajudando a manter o controle do ácido úrico. Entre as alternativas, peixes como gindara ou enguia apresentam baixo teor de purinas, sendo opções viáveis. Carnes magras de frango, preferencialmente sem pele, ou fontes vegetais de proteína, como tofu e tempeh, também são indicadas para diversificar a alimentação sem riscos.
- Prefira carnes brancas, como frango, no lugar de carnes vermelhas;
- Inclua proteínas vegetais, como soja, nas refeições;
- Evite bebidas alcoólicas com frequência;
- Deixe de lado doces com excesso de frutose, presentes no mel;
- Consulte um especialista antes de realizar mudanças bruscas na dieta. Segundo a Associação Brasileira de Nutrição, o acompanhamento individualizado pode facilitar excelentes resultados no controle do ácido úrico.
A adoção de hábitos alimentares adequados é fundamental para reduzir o impacto do ácido úrico elevado no dia a dia. A escolha consciente dos alimentos colabora para minimizar crises de dor e manter o funcionamento saudável das articulações, permitindo uma melhor qualidade de vida para quem convive com essa condição. Novas pesquisas apresentadas em 2023 pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos também mostram que hidratar-se adequadamente, ingerindo bastante água ao longo do dia, auxilia na eliminação do excesso de ácido úrico pelos rins.