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O motivo que faz os jovens estarem mais infelizes do que nunca segundo especialistas

Ao longo dos últimos anos, diversos estudos internacionais vêm trazendo novas perspectivas sobre a relação entre idade e felicidade. Pesquisas conduzidas em países como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e outros, analisando milhões de dados, apontam uma mudança relevante: o padrão de bem-estar em forma de “U”, comum em análises anteriores, parece ter perdido força. Atualmente, observa-se uma tendência em que a felicidade se eleva progressivamente com o passar dos anos, enquanto quadros de infelicidade manifestam maior intensidade durante a juventude, especialmente entre aqueles com menos de 25 anos.

Essa nova leitura dos dados mostra que, diferentemente do que se acreditava, o chamado “vale da mediana idade”, que sugeria maior insatisfação emocional na faixa dos 40 aos 50 anos, não se confirma mais em grande parte da população mundial. Hoje, os índices de saúde mental debilitada predominam entre adolescentes e jovens adultos, tornando essa parcela da população um grupo vulnerável para problemas de sofrimento psicológico, incluindo altos níveis de ansiedade, estresse e sintomas depressivos. No Brasil, diferentes regiões, desde o clima seco do Cerrado até a umidade da Amazônia e o calor constante do Nordeste, apresentam demandas diversas de saúde mental, mas o desafio entre os jovens é comum em todo o país.

Por que a saúde mental dos jovens está piorando?

Resultados de investigações recentes sugerem múltiplos fatores para a elevação do mal-estar psíquico entre jovens. Mudanças econômicas significativas, como a crise financeira global de 2008, impactaram estruturas familiares e o mercado de trabalho, oferecendo condições menos estáveis e perspectivas mais reduzidas aos que ingressam atualmente na vida adulta. No Brasil, as crises econômicas e a desigualdade social, visíveis tanto nos centros urbanos quanto em comunidades de cidades do interior e das regiões Norte e Nordeste, também contribuem para o cenário de instabilidade emocional. Além disso, a pandemia de coronavírus acelerou processos de isolamento social e criou novos desafios emocionais para adolescentes e jovens adultos, evidenciando a necessidade de maior atenção à saúde mental desta faixa etária. Fatores adicionais como a pressão por desempenho acadêmico, a incerteza econômica atual e o impacto das mudanças climáticas, que afetam tanto as florestas urbanas quanto biomas emblemáticos como a Mata Atlântica e o Pantanal, também vêm sendo apontados por pesquisadores como determinantes relevantes para explicar o aumento do sofrimento entre os jovens. Recentemente, discussões sobre o papel de influenciadores e celebridades no compartilhamento de narrativas pessoais sobre saúde mental também têm ganhado destaque, ampliando a consciência sobre o tema em setores da sociedade. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro têm observado uma crescente demanda por serviços de apoio psicológico voltados ao público jovem, reforçando a dimensão nacional do problema e refletindo a diversidade de contextos culturais e naturais do Brasil, do litoral às serras, do cerrado ao manguezal.

O motivo que faz os jovens estarem mais infelizes do que nunca segundo especialistas
pessoa com medo – Créditos: depositphotos.com / AndrewLozovyi

Como as redes sociais influenciam a felicidade dos jovens?

O aumento do uso de smartphones e redes sociais contribuiu de maneira notável para as mudanças nos níveis de felicidade e satisfação pessoal. O acesso constante a ambientes digitais, onde impera a exibição de vidas idealizadas, acaba por favorecer a comparação e alimentar a sensação de inadequação entre jovens. No Brasil, o uso intenso de redes como Instagram, TikTok e WhatsApp é parte do cotidiano, inclusive em áreas onde a conexão à internet ainda é desigual, mas cresce rapidamente nas cidades menores e na zona rural. Pesquisas apontam que o uso intensivo dessas plataformas está associado a um aumento em quadros de insatisfação, especialmente entre mulheres jovens. Algumas instituições, como a Organização Mundial da Saúde, têm destacado a importância do uso consciente dessas tecnologias e da promoção de campanhas educativas para o uso seguro e saudável de redes digitais. Iniciativas recentes em plataformas como Instagram e TikTok buscam alertar os usuários sobre o tempo de uso e promover conteúdos sobre bem-estar emocional, ainda que os desafios de moderar conteúdos prejudiciais permaneçam grandes.

  • Exposição permanente a padrões inalcançáveis
  • Comparações frequentes com influenciadores e colegas
  • Maior propensão à ansiedade e à baixa autoestima

Esses fatores ajudam a explicar estatísticas como o aumento do percentual de jovens declarando episódios de sofrimento mental persistente na última década, tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido. No Brasil, o suicídio entre jovens aumentou nos últimos anos, segundo dados do Ministério da Saúde, mostrando a gravidade do tema. Há também estudos mais recentes que indicam que o cyberbullying e o acesso facilitado a conteúdos prejudiciais são aspectos que agravam ainda mais os impactos negativos das redes sociais sobre o bem-estar dos jovens. Universidades como USP e UFMG vêm pesquisando o impacto do ambiente digital no desenvolvimento psicológico de adolescentes brasileiros, fornecendo base para possíveis intervenções adequadas ao contexto nacional, inclusive em áreas onde a cultura local valoriza muito o convívio comunitário, festas regionais e o contato com a natureza, como nas praias, rios e áreas de floresta.

Quais são os dados mais recentes sobre infelicidade e saúde mental?

O levantamento com mais de 1,7 milhão de pessoas em 44 países revela que cerca de 25% da população apresenta risco clínico de desenvolver problemas de saúde mental, sendo o índice quase duas vezes maior entre os menores de 25 anos. As mulheres jovens destacam-se nesse cenário, com percentuais que chegam a ultrapassar 50%. Em contrapartida, à medida que a idade avança, observa-se uma tendência de redução progressiva nos níveis de infelicidade. No Brasil, o CVV (Centro de Valorização da Vida) tem registrado aumento de atendimentos a jovens em sofrimento, e políticas públicas de saúde mental nas escolas vêm sendo estudadas em cidades como Curitiba, Recife e Manaus, mostrando a diversidade de paisagens e realidades em que o problema se manifesta.

  1. Nos Estados Unidos, jovens com menos de 25 anos vivendo períodos prolongados de baixa saúde mental aumentaram de 2,9% em 1993 para 8% em 2023.
  2. No Reino Unido, homens de 18 a 24 anos relatando “desesperança” duplicaram entre 2009 e 2021; entre mulheres dessa faixa etária, esse número triplicou no mesmo período.

Esses resultados reforçam a percepção de que os desafios de saúde mental têm se iniciado cada vez mais cedo, destacando a importância de políticas públicas e recursos voltados para o apoio aos mais jovens. Especialistas também têm alertado para a importância do acesso a serviços de saúde mental inclusivos e de campanhas de conscientização nas escolas e nas comunidades, valorizando a pluralidade cultural do Brasil. Países como Canadá e Suécia vêm apostando em programas de prevenção e educação em saúde mental para jovens, servindo como inspiração para outras nações. Cidades como Londres vêm promovendo parcerias entre governos locais e organizações não-governamentais para ampliar o atendimento psicológico gratuito, especialmente em bairros de maior vulnerabilidade. No Brasil, experiências inovadoras em estados da Amazônia e do Sul buscam envolver profissionais das UBSs e agentes de saúde de diferentes contextos ambientais, onde a vida próxima a áreas de floresta, cerrado ou caatinga pode ser um fator tanto de proteção como de desafio para a saúde mental, considerando o isolamento e as dificuldades de acesso.

O motivo que faz os jovens estarem mais infelizes do que nunca segundo especialistas
pessoa com telefone em mãos – Créditos: depositphotos.com / HayDmitriy

O que pode ser feito para melhorar o bem-estar dos jovens?

Diante desse cenário, o papel das escolas, familiares e profissionais da saúde ganha ainda mais relevância. Investir em programas de promoção do bem-estar emocional, oferecer suporte psicológico adequado e criar espaços de acolhimento e diálogo são apontados como estratégias fundamentais. Segundo especialistas, fortalecer a resiliência dos jovens e proporcionar recursos para enfrentar dificuldades pode garantir não apenas melhores condições para o desempenho escolar e acadêmico, mas também influenciar positivamente o desenvolvimento ao longo da vida adulta. Além disso, colaborações entre o setor público e empresas do ramo tecnológico vêm sendo debatidas para o desenvolvimento de ferramentas digitais que auxiliem na identificação precoce de sinais de sofrimento mental, ampliando as possibilidades de intervenção e prevenção. O uso de aplicativos como Headspace, Calm e iniciativas nacionais, como a Vittude ou plataformas ligadas ao SUS, para práticas de meditação, relaxamento e telepsicologia tornou-se mais frequente entre jovens de grandes centros urbanos como Salvador, Belém, Porto Alegre e Fortaleza, indicando a busca ativa por alternativas de autocuidado. Em algumas regiões, projetos que promovem o contato com a natureza, como trilhas em parques, atividades em áreas com vegetação típica da Mata Atlântica ou até em praças arborizadas de cidades do interior, têm mostrado efeitos benéficos para o bem-estar emocional dos jovens, destacando a importância do bioma local na saúde mental.

Assim, compreender as causas desse aumento da infelicidade entre jovens é essencial para orientar ações preventivas. Garantir acesso facilitado a tratamentos, investir em políticas públicas de saúde mental e adaptar intervenções ao contexto digital são medidas indispensáveis para promover uma sociedade mais equilibrada e resiliente diante dos desafios contemporâneos que impactam a felicidade em diferentes faixas de idade. No Brasil, isso inclui respeitar as múltiplas realidades culturais, sociais e naturais, do sertão ao litoral, das metrópoles às aldeias indígenas, e incorporar práticas que promovam o contato com a rica flora nacional, tão presente no dia a dia e fundamental para o bem-estar coletivo.

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pessoa triste – Créditos: depositphotos.com / diego_cervo
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