No Brasil, não é incomum encontrar dúvidas sobre o destino ideal para restos de papel, especialmente o jornal, quando se pensa em práticas sustentáveis em casa. Muitos resíduos que parecem triviais podem se transformar em recursos importantes para o cultivo saudável no jardim, seja ele em casas, apartamentos ou áreas urbanas. Esse reaproveitamento, além de reduzir o volume de lixo doméstico, também enriquece o solo de forma simples e eficiente, ajudando até mesmo quem cultiva espécies populares como manjericão, alecrim, couve, hortelã ou ipê-mirim.
O uso do papel de jornal nas plantas tem sido cada vez mais recomendado, principalmente em processos de compostagem caseira. Ao integrar esse material ao composto, é possível melhorar a estrutura e a qualidade do substrato utilizado em hortas, jardins e canteiros, tão presentes nas varandas e quintais das casas brasileiras, o que favorece o desenvolvimento vegetal e contribui para hábitos mais ecológicos no dia a dia.
Por que utilizar papel de jornal no jardim?
O papel de jornal cumpre um papel relevante por ser uma excelente fonte de carbono, classificado na compostagem como material “marrom”. Em contraste, restos de alimentos típicos da culinária brasileira, como casca de banana, resto de café, folhas de mandioca e até bagaço de frutas tropicais, são fontes de nitrogênio, chamados de “verdes”. O equilíbrio entre esses dois tipos é fundamental para que a decomposição dos resíduos evolua de maneira eficiente, gerando um composto fértil e livre de odores indesejados, mesmo em climas quentes e úmidos comuns em diversas regiões do país.
Adicionar papel de jornal ao composto contribui para criar uma textura mais aerada e úmida, além de auxiliar na retenção de nutrientes pela terra, algo essencial para plantas como jabuticabeira, samambaia, bromélia ou helicônia. Assim, mesmo quem não dispõe de muitas folhas secas (mais frequentes no outono de estados do Sudeste e Sul) ou serragem pode manter o bom funcionamento da composteira adicionando tiras ou pedaços desse material, facilmente disponível no cotidiano brasileiro.
Quais são os principais benefícios do papel de jornal para as plantas?
Os benefícios proporcionados pelo papel de jornal no cultivo vão além da simples reposição de carbono. Entre os destaques apontados por especialistas e praticantes de compostagem, estão:
- Redução de resíduos: Compostar jornais diminui a quantidade de lixo encaminhado a aterros e contribui para uma rotina mais sustentável no lar, reforçando a cultura brasileira de aproveitar e reaproveitar sempre que possível.
- Melhoria na qualidade do solo: Ao se decompor, o papel ajuda a produzir um composto mais solto, que promove boa circulação de ar e retenção de umidade, importante em climas quentes como o do Centro-Oeste, Nordeste e Norte.
- Ambiente radicular mais saudável: O equilíbrio entre “verdes” e “marrons” impede o acúmulo de água e maus odores, além de favorecer o bem-estar das raízes.
- Controle de plantas invasoras: Camadas de jornal sobre a terra ajudam a impedir o crescimento de ervas daninhas, como tiririca ou picão, e a preservar a umidade do solo, um desafio em períodos de seca nas regiões Centro-Oeste e Sul.
- Alternativa em caso de falta de materiais marrons: Jornais se tornam opção prática e acessível quando outros resíduos ricos em carbono, como folhas secas de ipê ou jacarandá, estão escassos, especialmente em tempos de chuva intensa.
O que é melhor: reciclar ou compostar o papel de jornal?
O ideal é priorizar a reciclagem quando o papel está limpo e em bom estado, pois o material pode ser reutilizado diversas vezes na indústria, diminuindo o consumo de recursos naturais, algo incentivado por campanhas da coleta seletiva em várias cidades brasileiras, como São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. Contudo, papéis sujos, engordurados ou com resíduos de tinta difícil de processar geralmente não são recicláveis e acabam sendo descartados, nesses casos, compostá-los é a alternativa mais sustentável.
Portanto, sempre que possível, separe o papel de jornal em condições para a coleta seletiva. Caso não seja possível, fragmentar o papel antes de incluir no composto facilita sua decomposição e a obtenção de melhores resultados para as plantas (inclusive de espécies nativas como ora-pro-nóbis, pitanga ou jabuti).
Quais tipos de papel podem ser compostados?
Nem todo papel é apropriado para a compostagem doméstica. É importante saber diferenciar materiais que podem enriquecer o composto daqueles que devem ser descartados de outra forma. Veja a seguir uma breve lista:
- Adequados:
- Papel de jornal comum
- Serviços de papel já utilizados (guardanapos limpos ou papéis de fritura sem gordura)
- Papel pardo ou de embalagem sem plástico
- Papel de escritório sem laminação ou tinta pesada
- Inadequados:
- Papel encerado ou plastificado
- Revistas com tintas brilhantes
- Papéis com purpurina ou aditivos químicos
- Envoltórios sintéticos
Fragmentar ou triturar o papel de jornal antes do uso potencializa a decomposição e contribui para um ambiente mais fértil e equilibrado para as plantas, sejam elas ornamentais comuns nos jardins das casas brasileiras ou espécies nativas. Experimente utilizar pequenas quantidades de jornal no início do processo e observe os resultados no solo e nas plantas. A destinação adequada de resíduos simples como o jornal mostra que pequenas atitudes podem trazer benefícios significativos para o meio ambiente e o desenvolvimento de jardins mais produtivos em qualquer canto do Brasil. Para mais informações, consulte campanhas de sustentabilidade promovidas pelo Ministério do Meio Ambiente ou pelo site da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.
