Tradicionalmente reconhecido por seu uso popular no alívio de desconfortos digestivos, o boldo é uma planta versátil amplamente incorporada em rotinas de cuidados naturais em diversos lares do Brasil. Suas propriedades têm atraído a atenção de profissionais da saúde e pesquisadores, especialmente por contribuir no tratamento de distúrbios relacionados ao fígado, além de oferecer potencial auxílio em outras questões de saúde típicas do nosso cotidiano, como os exageros das refeições em datas comemorativas e festas regionais.
Existem diferentes espécies com aplicações semelhantes no território brasileiro, destacando-se o boldo do Chile (Peumus boldus Molina) e o boldo brasileiro, conhecido também como boldo africano ou falso boldo (Plectranthus barbatus). Muito presentes em hortas caseiras e quintais espalhados pelo Brasil, especialmente em regiões de clima tropical e subtropical, essas variedades podem ser utilizadas de várias formas, sendo o chá de boldo uma das mais populares e rotineiras após refeições fartas ou episódios de ingestão excessiva de alimentos, algo comum em diferentes festas regionais. A seguir, são apresentados detalhes sobre as propriedades, o uso consciente e os cuidados necessários na utilização dessa planta medicinal típica da flora brasileira.
Quais são os principais benefícios do boldo para a saúde?
O uso do boldo está associado principalmente a benefícios para o sistema digestivo e hepático. Compostos como boldina, barbatusina e forscolina proporcionam efeitos digestivos, estimulam a produção e liberação de bile e protegem o fígado, especialmente em situações de sobrecarga, como o excesso de gordura hepática. Essas substâncias facilitam a eliminação de toxinas e contribuem no tratamento de quadros de má digestão, náuseas e sensação de mal-estar após exageros alimentares ou ingestão de bebidas alcoólicas. No Brasil, é comum o uso do chá de boldo após refeições à base de feijoada, churrasco ou pratos típicos da culinária regional.
Entre as propriedades atribuídas à planta, destacam-se:
- Ação diurética: contribui para a eliminação do excesso de líquidos e auxilia na redução do inchaço, benefícios muito buscados em regiões de calor intenso como o Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país;
- Capacidade anti-inflamatória e antioxidante: importante para prevenir danos celulares, retardar o envelhecimento e atuar na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, bastante valorizadas por quem busca qualidade de vida em qualquer parte do Brasil;
- Auxílio no tratamento de distúrbios gástricos: reduz acidez do estômago e pode colaborar no controle de sintomas de gastrite e azia, comuns em diversas faixas etárias da população brasileira.

Como podem ser diferenciadas as espécies de boldo?
As duas variedades mais utilizadas possuem características botânicas distintas. O boldo do Chile apresenta folhas pequenas, secas e levemente aromáticas quando comercializadas para chá, já o boldo brasileiro costuma ter folhas mais largas, macias ao toque, com bordas serrilhadas e é facilmente encontrado em hortas domésticas, varandas e até mesmo nos quintais de casas em cidades do interior. Apesar das diferenças visuais, ambas as espécies concentram compostos ativos que justificam seu uso na fitoterapia, porém cada uma possui particularidades químicas importantes a serem consideradas.
No caso do boldo do Chile, a presença da boldina é um destaque para efeitos antioxidantes e de proteção hepática. Por outro lado, no boldo brasileiro, são encontradas substâncias como a forscolina e o ácido rosmarínico, que ampliam o potencial digestivo e anti-inflamatório da planta, especialmente relevante diante de uma alimentação sazonal brasileira rica em sabores e especiarias. Vale ressaltar que a comercialização das folhas secas para chá ocorre de modo predominante para o boldo do Chile, enquanto o cultivo caseiro é mais frequente para o boldo brasileiro. Além disso, estudos recentes também investigam a presença de outros compostos fenólicos que podem aumentar ainda mais os usos terapêuticos destas espécies.
Quando o consumo de boldo pode ser prejudicial?
Embora o boldo seja considerado seguro para uso eventual por adultos saudáveis, há situações em que seu consumo deve ser rigidamente controlado ou mesmo evitado. O excesso ou o uso prolongado, acima de 30 dias, pode causar náuseas, vômitos, diarreia e, nos casos mais graves, toxicidade hepática. Gestantes, lactantes, crianças, pessoas com doenças renais, hepáticas ou litíase biliar, entre outros quadros específicos, não devem utilizar boldo sem acompanhamento por um profissional capacitado.
Além disso, é fundamental considerar interações da planta com medicamentos de uso contínuo, como anti-hipertensivos, fármacos para tireoide, digoxina, entre outros. Em casos sensíveis, como suspeita de gravidez ou histórico de reações alérgicas, a ingestão deve ser evitada. O uso residencial, seja na forma de chá, cápsulas, tinturas ou banhos aromáticos, apenas deve ser feito seguindo orientações precisas para evitar efeitos indesejados. É importante reforçar que possíveis efeitos adversos variam de acordo com a espécie utilizada, e a automedicação deve ser evitada.

Quais as formas mais seguras de preparo e uso do boldo?
As folhas do boldo podem ser usadas frescas ou secas, normalmente para o preparo de chás, infusões ou sucos. No caso do chá, é recomendado adicionar a folha já fora do fogo, apenas deixando em infusão para evitar que o sabor amargo predomine. No clima quente do Brasil, é comum também o preparo de sucos adicionando folhas frescas de boldo a frutas típicas como limão ou abacaxi, o que suaviza o sabor. Para banhos relaxantes, basta adicionar o extrato da planta à água morna, prática comum em algumas regiões rurais do Brasil tanto para purificação como para relaxamento. Uma dica adicional é optar por preparos caseiros, pois eles permitem controlar melhor a origem e qualidade das folhas utilizadas, especialmente se forem colhidas de cultivo próprio e sem agrotóxicos, considerados cada vez mais importantes para a saúde ambiental e individual no Brasil. Em todas as formas, respeitar as dosagens indicadas evita riscos e potencializa os benefícios medicinais atribuídos à planta.
Por fim, o acompanhamento de profissionais que atuam com fitoterapia é o melhor caminho para usufruir dos potenciais efeitos do boldo, seja para auxiliar na digestão, aliviar desconfortos estomacais ou contribuir para a saúde do fígado, sempre considerando a individualidade e as condições específicas de cada pessoa. Uma orientação profissional é fundamental para evitar efeitos colaterais e aproveitar com segurança os inúmeros benefícios dessa planta medicinal, especialmente em um país de vasta biodiversidade e práticas culturais regionais como o Brasil. Além disso, recomenda-se buscar informações em fontes confiáveis, como órgãos de saúde oficiais, por exemplo, a Anvisa e o Ministério da Saúde, e estudos publicados em bases científicas de universidades brasileiras, garantindo mais segurança no uso do boldo em qualquer etapa do tratamento.
