Em muitos lares brasileiros, a figura dos avós é associada ao aconchego, às histórias de outros tempos e à transmissão de valores. Porém, o que parece uma fala trivial para quem já atravessou décadas pode ser interpretado de outra maneira por uma criança em desenvolvimento. A linguagem empregada influencia não apenas o humor dos netos no momento da conversa, mas também interfere em sua autoconfiança e na relação estabelecida com os pais.
O cuidado com as palavras reforça vínculos saudáveis e evita interpretações distorcidas sobre afeto, autoridade e respeito. Comunicação inadequada, ainda que sutil, pode acionar inseguranças, reforçar comparações indesejadas ou estimular comportamentos de segredo, o que impacta o ambiente familiar como um todo. Explorar alternativas mais respeitosas ajuda tanto avós quanto netos a construir um relacionamento mais aberto e acolhedor.
Que frases são desaconselháveis na convivência entre avós e netos?
Embora muitas mensagens sejam transmitidas como gestos de carinho ou preocupação, determinadas expressões podem exercer efeitos negativos. Solicitar que a criança oculte algo dos pais, por exemplo, coloca-a em conflito entre a lealdade familiar e a honestidade. Comentários sobre aparência física ou quantidade de comida ingerida também têm potencial de minar a autoestima e criar desconforto.
- Mencionar mudanças no corpo da criança de forma comparativa ou crítica;
- Pedir que um segredo seja mantido entre avós e netos;
- Associar alimentação à obrigação (“Coma tudo para ficar forte!”);
- Dizer que os pais não precisam saber de determinado comportamento.
Esses exemplos ilustram como, inadvertidamente, os avós podem contribuir para ruídos na comunicação entre gerações e dificultar o diálogo sincero em família.

Como os avós podem favorecer uma comunicação mais positiva?
Ajustar a forma de conversar com os pequenos pode transformar a experiência cotidiana. Em vez de solicitar segredos, uma abordagem mais saudável envolve valorizar a transparência e o diálogo aberto, mostrando às crianças que pais e avós estão juntos para proteger e orientar. Ao falar sobre hábitos alimentares, convém respeitar o ritmo e a autonomia dos netos, promovendo escolhas sem julgamento ou pressão.
- Encorajar a criança a compartilhar suas experiências tanto com os avós quanto com os pais;
- Perguntar sobre os sentimentos e interesses, sem se apegar à aparência ou ao desempenho escolar;
- Respeitar quando a criança se recusa a cumprimentar com demonstrações físicas de afeto, sugerindo alternativas de contato;
- Reconhecer e valorizar características internas, como generosidade, criatividade ou esforço.
Essas atitudes geram confiança e abrem espaço para conversas verdadeiras, fortalecendo o apoio emocional intergeracional.
Respeitar limites e incentivar a autonomia: qual a importância?
A liberdade para escolher como expressar carinho é parte dos aprendizados da infância. Avós que respeitam quando os netos preferem um aceno ou um sorriso, ao invés de um abraço, mostram na prática o valor do consentimento. Essa atitude passa ao neto a mensagem de respeito e aumenta a segurança para impor limites em outras relações.
- Ofereça opções de demonstração de afeto, sem impor obrigatoriedades;
- Respeite a decisão da criança diante de convites para beijos ou abraços;
- Explique com simplicidade que carinho se demonstra de vários jeitos e que tudo bem se não for igual para todo mundo.
Essa postura contribui para a formação de adultos mais equilibrados na gestão de emoções e na convivência social.
Atitudes que fortalecem a confiança entre avós e netos
O ambiente familiar ganha em acolhimento quando avós praticam a escuta ativa, evitam julgamentos e valorizam as conquistas cotidianas das crianças. Ao deixar claro que pais e avós formam uma rede de apoio, cria-se uma atmosfera de parceria dentro de casa. Gestos simples, como se interessar genuinamente pelas histórias e opiniões dos pequenos, ajudam a criar memórias afetivas importantes para todas as fases da vida.
No final das contas, quando o respeito e o diálogo são cultivados desde cedo, os laços familiares se tornam mais fortes, promovendo desenvolvimento emocional saudável e uma convivência harmoniosa entre gerações.