A figueira, conhecida cientificamente como Ficus carica, é uma planta de grande destaque na fruticultura brasileira. Seu cultivo, embora tenha raízes muito antigas, continua bastante atual, especialmente em regiões como o interior de São Paulo, onde cidades como Valinhos consolidaram-se como referência em produção de figo. Esta cultura ocupa um papel relevante na economia agrícola do país, contribuindo tanto para o abastecimento interno quanto para a exportação da fruta.
O figo é um fruto que desperta curiosidade tanto pelo seu valor histórico quanto pela diversidade de espécies existentes. No Brasil, a variedade roxo-de-valinhos predomina entre as opções comerciais, privilegiada por suas características adaptativas e qualidade dos frutos. A produção nacional, embora presente em outros estados como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, concentra-se principalmente na região Sudeste, favorecida pelo clima e solo adequados.
Como é feita a produção de figo no Brasil?
No contexto brasileiro, o plantio da figueira é realizado principalmente com a utilização de estacas selecionadas, prática conhecida como estaquia. As estacas ideais possuem entre 20 e 30 centímetros de comprimento e são plantadas em solo areno-argiloso, enriquecido com matéria orgânica e boa capacidade de drenagem. Este método permite o rápido desenvolvimento das mudas e inicia-se uma colheita cerca de doze meses após o plantio, fato que favorece o produtor ao investir em novas plantações no segundo semestre do ano.
A espécie Ficus carica apresenta excelente adaptação às condições brasileiras, especialmente em ambientes iluminados, com chuvas regulares e temperaturas predominantemente amenas. Um diferencial notável é a sua tolerância a diferentes climas, permitindo o cultivo até mesmo em áreas mais quentes do país. A planta, no entanto, demanda cuidados específicos, principalmente relacionados à irrigação e ao controle de pragas. Mais recentemente, produtores em regiões como Minas Gerais têm investido em sistemas de irrigação automatizada, visando aumentar a eficiência e melhorar a produtividade, exemplificando a adoção de novas tecnologias no manejo da cultura.

Quais são os cuidados essenciais no manejo da figueira?
Para garantir uma produção consistente de figos, alguns passos são fundamentais. O solo, por exemplo, necessita de pH entre 5,6 e 6,8 para favorecer o desenvolvimento radicular. Entre as práticas mais recomendadas, destacam-se:
- Escolha de áreas bem iluminadas e protegidas de ventos fortes;
- Utilização de estacas saudáveis no início do plantio;
- Adubação adequada, com aplicação periódica de fertilizantes e composto orgânico;
- Manutenção das plantas com podas de formação e frutificação anual;
- Monitoramento da umidade do solo, especialmente em períodos mais secos.
A poda desempenha um papel crucial, facilitando o manejo das figueiras comerciais, que raramente ultrapassam três metros de altura devido às intervenções frequentes. Nos três primeiros anos, a poda de formação direciona o crescimento, enquanto a poda de frutificação ocorre após o repouso da planta, retirando ramos já produtivos e promovendo a renovação dos brotos. Recentemente, projetos de extensão rural do Instituto Agronômico de Campinas vêm orientando agricultores sobre poda racional e manejo sustentável, reforçando o compromisso com boas práticas agrícolas.
Quando e como ocorre a colheita do figo?
A colheita do figo geralmente inicia-se um ano após o plantio e pode estender-se de maio a novembro, dependendo das condições climáticas locais. Para o mercado de figo fresco, os frutos são recolhidos diariamente assim que adquirem coloração arroxeada característica. No caso do figo verde, indicado principalmente para a indústria, a colheita ocorre quando o ostíolo adquire tonalidade rosada.
O espaçamento correto entre as plantas e a escolha do momento de plantio são fatores determinantes para o sucesso. Cada cova deve ter dimensões adequadas, considerando as necessidades de desenvolvimento do sistema radicular. Além disso, a produção pode ser otimizada com regas regulares e adubação balanceada, fatores que estimulam o crescimento saudável da planta e promovem frutos de maior qualidade. Em Valinhos, cooperativas agrícolas investem em processos de pós-colheita otimizados para manter a qualidade durante o transporte, reforçando a presença do figo brasileiro em mercados internacionais, especialmente na Europa.

Quais curiosidades cercam o cultivo e a história do figo?
Além de seu valor nutritivo e comercial, o figo está envolto em uma série de referências culturais. Desde relatos bíblicos até considerações mitológicas sobre fertilidade, a figueira ocupa espaço de destaque em diferentes tradições. A origem da planta, ainda repleta de controvérsias, remete a uma região que abrange do sul da Península Arábica à Turquia, de onde se espalhou para vários continentes.
Uma característica interessante do figo é que, botânicamente, ele é uma inflorescência fechada, e não um fruto comum. Essa especificidade contribui para o interesse crescente, tanto entre produtores quanto consumidores. Vale destacar ainda que a vida produtiva de uma figueira conduzida adequadamente pode alcançar cerca de 30 anos, tornando o cultivo uma atividade de retorno prolongado. Novas pesquisas destacam também o potencial medicinal do figo, já que compostos presentes na fruta demonstram ação antioxidante e propriedades benéficas à saúde humana.
O cultivo do figo no Brasil, especialmente na região de valinhos, mantém-se sólido e apresenta boas perspectivas, desde que sejam observadas as práticas adequadas de manejo e o acompanhamento do ciclo produtivo. Assim, a fruta está presente nas mesas brasileiras e em mercados internacionais, valorizando a diversidade agrícola do país.
