Ao longo da história, a figueira desempenha um papel de destaque em diversas culturas e regiões do mundo. A presença desta planta milenar está documentada em diferentes civilizações, carregando significados religiosos, sociais e até econômicos. No Brasil, o cultivo do figo se consolidou como uma importante atividade agrícola, movida principalmente pela adaptabilidade da espécie e pelo valor comercial dos frutos.
O figo, fruto da figueira, destaca-se não apenas pelo sabor adocicado, mas também pela versatilidade em usos culinários e pelo apelo nutricional. A produção brasileira, especialmente concentrada na região de Valinhos, interior de São Paulo, reflete a capacidade de adaptação da espécie a distintas condições climáticas. Outras regiões, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, também integram o cenário produtivo nacional, ampliando a oferta de figos no mercado interno e externo.
Quais são as principais características da figueira?
O gênero Ficus, pertencente à família Moraceae, engloba mais de mil espécies, embora nem todas sejam cultivadas para alimentação. No Brasil, predomina a variedade Ficus carica, reconhecida por fornecer frutos comestíveis e de alto valor comercial. A planta pode alcançar até três metros de altura em cultivos comerciais, graças ao uso de podas, que facilitam o manejo e a colheita.
Vale ressaltar que o figo não é tecnicamente uma fruta, mas sim uma inflorescência fechada, envolta por uma pele que pode ser esverdeada ou arroxeada. Sua produtividade está associada a práticas de manejo, como a poda de formação e a poda de frutificação, fatores que contribuem para a longevidade produtiva da figueira, podendo ultrapassar trinta anos em condições ideais.

Como se faz o plantio do figo?
O cultivo do figo inicia-se com a seleção de estacas saudáveis, geralmente com cerca de 20 a 30 centímetros de comprimento e diâmetro entre 1,5 e 3 centímetros. Recomenda-se que dois terços da estaca estejam enterrados no solo e uma ou duas gemas fiquem acima da superfície. O uso de terra fofa e bem drenada favorece o enraizamento, assim como a escolha de ambientes ensolarados, que proporcionam melhor desenvolvimento vegetal e frutos de qualidade superior.
O solo mais indicado é areno-argiloso, rico em matéria orgânica e com pH entre 5,6 e 6,8. Próximo do momento do plantio, é fundamental garantir a irrigação em períodos secos, pois o sistema radicular superficial da figueira a torna suscetível ao déficit hídrico. A distância entre as plantas pode variar conforme o objetivo do produtor, sendo o espaçamento padrão para figo fresco de 2,5 metros entre covas.
- Estacas jovens: aumentam as chances de pegamento.
- Ambiente iluminado: essencial para frutos mais doces.
- Boa drenagem: evita doenças relacionadas ao excesso de água.
Quais são os cuidados essenciais para o cultivo da figueira?
A manutenção da figueira requer atenção a alguns cuidados específicos, sobretudo em relação à adubação e ao manejo do solo. Adubações periódicas, tanto químicas quanto orgânicas, contribuem para a nutrição das plantas e para a formação de frutos de tamanho e sabor desejáveis. O cronograma de fertilização inclui aplicações de nitrogênio e potássio, de acordo com o estágio de desenvolvimento da figueira.
A poda é outro fator determinante para maximizar a produção. A poda de formação ocorre nos primeiros anos e define a estrutura da árvore, enquanto a poda de frutificação, realizada anualmente, estimula a produção de novas gemas e previne o esgotamento da planta. Em regiões sujeitas a baixas temperaturas, recomenda-se adiar a poda para depois do risco de geadas, minimizando perdas.
- Inicie a adubação quando a maioria das plantas apresentar ao menos três pares de folhas.
- Realize podas periódicas para estimular a produção de ramos produtivos.
- Mantenha o solo sempre úmido, principalmente até o pleno desenvolvimento do sistema radicular.

Quando é feita a colheita e como o figo é comercializado?
O ciclo produtivo da figueira permite a colheita dos primeiros frutos cerca de um ano após o plantio. Entre maio e novembro, os frutos atingem maturação, sendo colhidos conforme a coloração roxa revela o ponto ideal de consumo para os figos frescos. Já para a produção de figos verdes, observa-se a tonalidade rosada do ostíolo, localizado na extremidade inferior do fruto.
No Brasil, a entressafra, que ocorre entre agosto e outubro, oferece melhores oportunidades comerciais, com preços geralmente mais elevados devido à menor oferta. A maior parte da produção abastece o mercado interno, embora também haja exportação, principalmente para países da América do Norte e Europa.
Por que a produção de figo se destaca na região de Valinhos?
A região de Valinhos é reconhecida nacionalmente como polo do figo devido às condições climáticas favoráveis, solos adequados e tradição no manejo da cultura. Os produtores da área, ao longo dos anos, aprimoraram técnicas de cultivo e investiram em variedades adaptadas ao microclima local. Esta tradição se reflete na oferta constante de frutos de qualidade, tornando Valinhos sinônimo de referência no mercado brasileiro de figo até 2025.
Com práticas agrícolas eficientes e respeito ao ciclo biológico da planta, o cultivo da figueira se mantém como alternativa viável tanto para pequenos quanto para grandes produtores, fortalecendo a importância do figo na fruticultura nacional. Além disso, iniciativas de turismo rural associadas ao figo têm impulsionado a economia local, permitindo a diversificação de atividades e consolidando ainda mais a região como referência no setor.
